
Entre junho e setembro é procedimento comum das prefeituras o aumento das medidas de atenção à população em situação de rua por causa do inverno. Este ano, as ações se multiplicaram também com a pandemia da covid-19. As cidades não apenas ampliaram a oferta de vagas em abrigos como alteraram os espaços para garantir distanciamento, providenciaram produtos de limpeza e novos locais para higiene, além de fornecimento de máscaras e equipamentos de proteção individual às equipes de atendimento.
Usuários dos albergues com sintomas da covid-19 passam por atendimento médico. Além das prefeituras, há instituições que acolhem e oferecem alimentos, produtos para higiene e apoio social. Muitas são ligadas a igrejas.
A Diocese de Santo André tem cinco casas de acolhida no ABC. Além dos albergues, cerca de 30 grupos ajudam com alimentos e roupas. “É uma rede de caridade que atende toda a região, principalmente onde não tem restaurantes, como o Bom Prato, em São Bernardo e Santo André, e que oferecem café da manhã, almoço e jantar. Em Diadema, foi celebrada uma parceria com a Prefeitura para um centro de atendimento só para pacientes da covid-19, já está em funcionamento”, explica o padre Ryan Mathew Holke, vigário episcopal para a Caridade Social da Diocese de Santo André.
A rede de grupos de atendimento faz um trabalho de proximidade com as pessoas em situação de rua e a articulação destes grupos – por aplicativos de mensagens – traz um diagnóstico dessa parte da população. São distribuídas 8 mil marmitas semanais, acolhidas 232 pessoas e atendidas 1,5 mil famílias. Não há, porém, um levantamento de quantas pessoas vivem nas ruas da região, porque há muita mobilidade. Holke diz que esta mobilidade está ligada à atuação do poder público, principalmente a polícia. Por isso, faz um apelo para que, onde há morador de rua, as pessoas não se sintam ameaçadas. “Quando um morador de rua senta numa calçada ou anda pela rua, por preconceito ou medo as pessoas chamam a polícia. Existem as situações de delitos, mas a maioria não é assim. Temos de enxergá-los como seres humanos que precisam de ajuda”, ensina.,
Santo André
Em Santo André o albergue noturno do município teve a capacidade ampliada de 100 para 120 vagas. O Centro Pop, que atende durante o dia, oferece banho, alimentação e atendimento social e de saúde. Equipes também percorrem a cidade e fazem abordagens para oferecer material de higiene e cobertores àqueles que não querem ir para abrigo. Durante o inverno também foi aberta uma unidade de acolhimento emergencial temporário 24 horas para 50 pessoas. Ainda há dois acolhimentos permanentes para pessoas em situação de rua com grau de dependência ou deficiência, total de 70 vagas. Todas as unidades utilizam o protocolo de higiene e distanciamento social, com individualização dos pertences e usos de máscaras e medição de temperatura. O numero de atendidos se mantém em torno de 300 pessoas, dentre os que utilizam os serviços e alguns que optam por permanecer nas ruas.
São Bernardo
Em São Bernardo, a Casa de Passagem oferta 130 vagas masculinas e 20 femininas, além de café da manhã, almoço, café da tarde e jantar, espaço físico para higienização pessoal e lavagem de roupas e também o Serviço Especializado em Abordagem Social. No inverno, foi iniciada a operação Cobertor que Salva, e segue até 31 de agosto, com intensificação do trabalho das equipes e ampliação do horário de funcionamento para 24h. Em 2019, foram 2.256 abordagens e 988 atendidos e acolhidos na Casa de Passagem.
São Bernardo mantém, ainda, a Moradia Provisória, com característica de república e possibilidade de acolhimento por mais tempo, onde são disponibilizadas 30 vagas masculinas. Durante a pandemia as vagas de pernoite são redistribuídas para receber a demanda e garantir distanciamento social. Também são ofertadas diariamente máscaras para os acolhidos e produtos de higiene pessoal. Foi instalada uma pia para higienização na entrada do serviço e fornecidos EPIs aos trabalhadores. No Centro Pop, foram instalados dois banheiros com funcionamento em horário comercial e aos finais de semana. Há, ainda, alojamento disponível para 20 homens e 20 mulheres, preparado para receber pessoas em situação de rua com covid-19.
No dia 29 de junho o município registrou a morte de um morador de rua, encontrado na calçada da Praça Lauro Gomes. A causa da morte não foi determinada. A Prefeitura informou que a vítima não era referenciada no Centro Pop e nem na equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social. Há informações que a vítima tinha família e por vezes dormia nas ruas em razão do uso de álcool.
Diadema
Em Diadema o Centro Pop fica na Av. Alda, 465. Lá o usuário encontra atendimento técnico que visa processo de saída das ruas. O Centro Pop possui ainda educadores sociais, que através do Serviço Especializado em Abordagem Social. A prefeitura informa que a Secretaria de Assistência Social e Cidadania mantém convênio com duas organizações da sociedade civil para a oferta de 70 vagas em acolhimento noturno, sendo que a inserção é realizada após referenciamento e encaminhamento do Centro Pop. Neste período de pandemia, foram intensificadas as medidas de higienização do local e orientação dos usuários, distribuição de máscaras faciais, bem como demais adequações físicas, conforme indicação das autoridades sanitárias.
Em virtude da pandemia, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania estabeleceu contrato emergencial para oferta total de 40 vagas por dia, em duas unidades de Centro de Acolhida Emergencial 24 horas, como medida de enfrentamento e prevenção ao novo coronavírus. As unidades de acolhimento noturno, recebem o usuário por 12 horas, sendo o horário de entrada após 18h, podendo ser flexibilizado ou ajustado conforme período do ano ou necessidade. Os Centros de Acolhida funcionam 24 horas, sendo que a inserção dos usuários ocorrem no decorrer do dia.
São Caetano
Em São Caetano as ações vão desde o mapeamento do território e identificação dos usuários para referência no serviço até encaminhamentos para a rede de saúde, trabalho, acesso à documentação pessoal, busca por rede social e familiar de apoio para reinserção social/familiar, recâmbio para território de origem mediante contra referência, higiene e alimentação através de parceria com ONG e acolhimento.
Durante o inverno o SOS Cidadão (156) realiza abordagens noturnas e aos finais de semana e feriados, com o objetivo de ofertar ao usuário em vulnerabilidade e exposto aos riscos das baixas temperaturas, a possibilidade de atendimento em suas demandas de saúde, além do encaminhamento para o CREAS com vistas ao referenciamento e possível acolhimento. Para os cidadãos que não apresentam demandas de saúde ou interesse pelo acolhimento são ofertados cobertores.
A cidade conta com um abrigo de serviço temporário de acolhimento implantado, emergencialmente, em resposta à demanda da pandemia da covid-19. A capacidade de atendimento é de até 30 usuários, que são submetidos a um protocolo de avaliação sobre suas condições de saúde, que inclui exames laboratoriais e de imagem, avaliação médica e testagem para o coronavírus. Ao ingressar no abrigo, os usuários também recebem, diariamente, todo o aparato de EPI’s.
Ribeirão Pires
Em Ribeirão Pires, o atendimento é feito pela Associação Acolhida com Esperança (Casa da Acolhida), parceira da Prefeitura. Com o suporte das equipes de Assistência Social, Saúde e Segurança, os profissionais da Casa da Acolhida realizam rondas (noturnas e diurnas), abordagem e orientações para a população em situação de rua na cidade. A Casa da Acolhida tem capacidade para até 40 pessoas. No ano passado, com a chegada do frio, abrigou 50 moradores de rua em junho, 70 em julho e 63 no mês de agosto. Atualmente estão abrigadas 27 pessoas.
Com a covid-19, medidas foram adotadas, como reorganização de camas nos cômodos, garantindo distância de segurança; isolamento de pessoas dos grupos de risco, idosos, especialmente; reforço das medidas de higiene, como a limpeza permanente dos cômodos e de cuidados pessoais dos conviventes; uso de EPIs e verificação da temperatura de colaboradores e residentes; disponibilidade de álcool em gel 70% para higienização das mãos; além de reuniões periódicas para orientação e conscientização de colaboradores e conviventes, que são instruídos a não sair da Casa da Acolhida nesse momento de pandemia.
Mauá e Rio Grande da Serra não responderam aos questionamentos.