Entre os setores fortemente atingidos pela crise do novo coronavírus estão os serviços de estética e salões de cabeleireiro, porque os atendimentos tiveram de ser paralisados para evitar a disseminação da doença, o que resultou em uma queda de até 95% no faturamento. No ABC, os salões fecharam as portas por tempo indeterminado. Com a permissão, dias atrás do governo do Estado, para os estabelecimentos voltarem a atender, mas somente em domicílio, muitos profissionais saíram a campo.
Em Santo André, o cabeleireiro Jailson Arruda, 31 anos, trabalha num salão de beleza, no bairro Jardim do Mar, em São Bernardo, e conta que o retorno financeiro caiu até 90%. O atendimento em domicílio é feito somente quando tem chamado, pois considera complicado ligar e oferecer o serviço em casa, porque muita gente não quer qualquer contato e o cliente precisa ser respeitado. “Quando somos procurados, nos equipamos de máscaras, luvas e mantemos tudo devidamente higienizado”, afirma.
Sobre as precauções referentes ao tipo de atendimento, Arruda conta que procuram sempre o local mais arejado da casa da cliente para realizar o trabalho. “Esterilizamos tesouras após o uso e higienizamos as escovas de cabelo, tudo”, ressalta. Mas serviços complexos, que exigem estrutura no local de atendimento, diz que não consegue oferecer. “Apenas técnicas simples, como coloração e escova”, diz.
Rosy Coelho, proprietária de um estabelecimento na vila Assunção, em Santo André, vive situação nada diferente. A cabeleireira diz que os trabalhos praticamente pararam, com queda de 95%, até com o atendimento em domicílio, modalidade que diz não concordar muito. “Não concordo muito com esse tipo de atendimento, pois corro risco de levar o vírus para dentro de uma residência”, comenta. A profissional ainda diz que se sente mais segura no próprio salão por questões de higiene. “No meu ambiente de trabalho posso desinfetar tudo e atender as clientes com hora marcada, sem aglomeração”, comenta.
A respeito das expectativas diante da crise, Rosy diz que está desamparada. “Estou sem conseguir raciocinar métodos para manter minhas clientes. Quando precisam, elas me chamam pelo WhatsApp”, explica. Embora as dificuldades sejam desesperadoras, diz, os cuidados com os utensílios acessórios foram reforçados. “Lavo tudo diariamente com água sanitária”, explica.
Quem também voltou ao trabalho no início da semana foi a cabeleireira Cassia Malange, que tem salão no Centro de Ribeirão Pires. A procura pelos serviços, segundo a profissional, teve queda de pelo menos 70%, em comparação ao período antes da pandemia, mas o que tem salvado são as novas clientes, que passaram a contatá-la via redes sociais e telefone. “Desde o início da semana, quando comecei a trabalhar à domicílio, a procura caiu bastante, mas por incrível que pareça, novas clientes surgiram em busca do meu serviço”, conta.
Ainda que o valor saia mais caro no fim do mês por conta dos gastos com a gasolina e um fluxo menor de clientes, Cássia relata tentar repor os gastos extras com um adicional no serviço. “Comecei a cobrar um pouco mais caro para conseguir suprir os gastos de ir e vir até a casa da cliente, mas isso garante também uma total segurança para ambas as partes”, conta. Ainda para evitar o contágio do coronavírus, a cabeleireira utiliza os itens básicos de higiene, entre eles máscaras e álcool em gel. “Não podemos parar, as mulheres querem continuar arrumadas e nós devemos fazer o nosso papel, de não contribuir com o risco”, completa.
Com os novos valores e atendimento à domicílio, o corte de cabelo custa a partir de R$ 40; progressiva a partir de R$ 120 e sobrancelha a R$ 30. Os interessados devem entrar em contato via whatsapp (11) 98068-1260 e marcar horário e dia de atendimento. (Colaborou Ingrid Santos)