ABC - domingo , 6 de outubro de 2024

ABC registra mais de 22 casos de herpes zoster em apenas três meses

Doença acomete adultos com mais de 60 anos (Foto: Imagem Ilustrativa/Canva)

Nos últimos três meses, o ABC registrou um aumento significativo nos casos de herpes zoster, popularmente conhecido como cobreiro. De acordo com levantamento feito pelo RD, mais de 22 casos foram registrados no primeiro trimestre deste ano, 26,82% do total de casos em 2023 (82), o que preocupa especialistas já que a vacina contra a doença não é disponibilizada pelo SUS (Sistema Público de Saúde).

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) registrou, no primeiro trimestre deste ano, 15 atendimentos por herpes zoster na região, enquanto no mesmo período de 2023, foram registrados apenas nove no ABC. Na rede municipal de saúde, São Bernardo foi a cidade com o maior número em 2024 com cinco casos contra 17 em todo o ano passado, seguida de Ribeirão Pires com dois casos neste ano e oito em 2023.

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As prefeituras de Rio Grande da Serra e São Caetano informaram que não registraram nenhum caso da doença neste ano, já Santo André e Diadema afirmam que os casos de herpes zoster não são de notificação compulsória, ou seja, não são informados à Vigilância à Saúde e as cidades não possuem o número de casos. Questionada, a Prefeitura de Mauá não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

O que é a herpes zoster?

O herpes zoster, também conhecido como cobreiro, é uma infecção viral causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo vírus responsável pela catapora (varicela). Após uma pessoa ter catapora, o vírus não é completamente eliminado do corpo, mas permanece dormente no organismo. Anos ou até décadas depois, o vírus pode reativar-se, causando o herpes-zóster. Para o RD, o infectologista e professor de infectologia do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvencio Furtado, explica que mesmo pessoas que não tiveram a catapora podem sofrer com a herpes zoster na idade adulta. “Em alguns casos, a pessoa foi infectada com o vírus da varicela mas não manifestou a catapora e, por isso, o vírus está ali dormente no organismo. Com a idade e a inevitável queda na imunidade ou ao contrair uma doença que modifique o sistema imunológico, o vírus pode reaparecer”, comenta.

O herpes-zóster não é uma doença considerada muito contagiosa. No entanto, o vírus Varicela Zóster pode ser transmitido por meio do contato direto com as lesões da pele da pessoa infectada. Em casos mais raros, o vírus também pode ser transmitido por secreções respiratórias. O período de transmissão se inicia de um a dois dias antes da erupção das lesões e dura até que todas as lesões “sequem” e formem crostas. 

Sintomas

O principal e mais conhecido sintoma do cobreiro são as lesões na pele, assim como a catapora, mas na herpes zoster elas são erupções unilaterais quem seguem o trajeto de um nervo e as regiões do corpo mais afetadas pelas lesões são a face, o tronco, os braços e as pernas. “Além dessas lesões, a doença causa uma dor intensa no local das erupções, justamente por acometer os nervos. Em muitos casos, a dor aparece antes das lesões, o que faz com que o paciente fique um pouco confuso, ainda mais um adulto acima dos 50 anos”, diz.

Tratamento e prevenção

O tratamento da doença é feito com medicamentos antivirais, como Aciclovir, Valaciclovir ou Famciclovir, que pode ajudar a reduzir a duração e a gravidade dos sintomas. Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser usados para aliviar a dor. O tratamento é mais eficaz se iniciado nas primeiras 72 horas após o aparecimento dos sintomas. “Existe a vacina, que é uma grande evolução, que deve ser aplicada em todas as pessoas acima dos 50 anos. Trata-se de uma excelente vacina, possui uma resposta de mais de 80% de imunização, então é interessante que as pessoas busquem esse imunizante”, acrescenta.

Infelizmente, a vacina não integra o calendário nacional dos imunizantes disponibilizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e, na rede particular, seja em clínicas ou farmácias, duas doses do imunizante custam cerca de R$ 1,6 mil. A vacina contra o herpes zoster é recomendada para pessoas com mais de 50 anos, que representam hoje o público com maior risco de desenvolver o cobreiro juntamente com os indivíduos imunossuprimidos.  

Existem duas vacinas disponíveis no Brasil: a vacina de vírus vivo atenuado (Zostavax), administrada em doce única e que pode ser usada em pessoas acima dos 50 anos. Não é recomendada para pacientes imunodeprimidos. É preciso esperar 12 meses após um quadro de cobreiro para poder tomá-la; e a vacina recombinante inativada (Shingrix), que pode ser usada em indivíduos acima dos 50 anos, nos imunocomprometidos e portadores do vírus HIV (a partir dos 18 anos). A aplicação é feita em duas doses com intervalo de oito semanas. Indicado esperar seis meses após quadro agudo da doença para receber a vacina.

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