O medo de acidentes com crianças por causa da falta de manutenção na Escola Estadual Professor Carlos Pezzolo, que fica no bairro Ferrazópolis, em São Bernardo, é a maior preocupação das mães. Cerca de 940 crianças do ensino fundamental e médio estudam no colégio que tem mato alto, vazamentos na parte hidráulica que formam poças em salas de aula e outras dependências, fiação solta e várias partes do piso estão danificadas.
Se o mato alto junto ao pátio pode trazer todo tipo de insetos e escorpiões, do lado de dentro poças de água podem servir de criadouro para o Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue. O risco de quedas por conta dos desníveis no piso é grande, várias partes do pavimento estão soltas e a caixa que deveria conter uma mangueira para combate a incêndio tem apenas poucas partes que ainda não se desmancharam com a ferrugem. As mães dizem que essa situação não é nova e que há anos o colégio não tem manutenção alguma, o que Secretaria Estadual de Educação nega.
Maria Luiza da Silva é mãe de duas meninas que são alunas do colégio, uma está na sétima série do Ensino Fundamental e a outra no segundo ano do Ensino Médio, as duas meninas são deficientes visuais. Ela integra o conselho da escola e ao ver o histórico de manutenções percebeu que praticamente nada foi feito nos últimos anos. “Pelas atas de reuniões do conselho percebi que a situação vem assim faz tempo, mas piorou muito no último ano. Os repasses para a escola estão congelados, acredito que por más gestões passadas e o colégio está se mantendo com a venda de papel que é encaminhado para a reciclagem. Isso é bizarro, por isso falta papel higiênico, que as crianças tem que trazer de casa, falta também aquele canetão para a professora passar a lição no quadro. Tem fios pendurados, em janeiro durante uma chuva a escola alagou e tivemos que fazer um grande esforço para não perder os livros que tinham acabado de chegar”, explica a mãe.
Além de atender uma região carente, como os bairros Montanhão e Santa Terezinha, a escola tem várias crianças com algum tipo de deficiência. A escola, segundo Maria Luiza, tem pelo menos 35 estudantes com deficiência, mas o elevador do prédio está há quatro anos sem funcionar. “Tem professores também que têm limitações mas precisam subir e descer escadas quando há um elevador que só está parado por falta de manutenção. Está tudo abandonado. Se quisessem poderiam reformar tudo e deixar pelo menos utilizável, sem nem precisar interromper as aulas, só remanejando os alunos”, completa.
Outra mãe que não se conforma com a situação da escola é Ligia Bueno, que também tem filho na escola e participa do conselho. “Eu sempre recomendo ao meu filho que tome cuidado, para não correr e acabar se machucando. Está tudo quebrado por causa de anos sem manutenção. Para mim o mato alto e o risco de dengue também são grandes preocupações”, diz. Ligia considera ainda que são poucos profissionais na escola para garantir a segurança de todos. Ela conta que há crianças que agridem outras. “Meu filho já foi ameaçado quando entrou no banheiro e tinham outras crianças fumando lá dentro. Já tomaram o estojo dele e de outras crianças e jogaram na privada”, relata a mãe do aluno que tem deficiência intelectual moderada.
Em nota, a Seduc (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) negou todos os apontamentos feitos pelas mães, diz que a manutenção está em dia e que a roçagem está prefeita para esta semana. “Não há falta de papel higiênico ou materiais pedagógicos. A unidade recebeu a visita da Vigilância Sanitária neste mês e nenhum foco proliferação foi encontrado. A roçagem do mato será na realizada até sexta-feira (24), conforme cronograma definido. Neste ano, foram realizados reparos nos banheiros, telhado e na rede elétrica e hidráulica da escola, com investimentos de mais de R$ 52 mil. Paralelo a isso, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) realizou vistorias na escola e o orçamento de uma grande obra está em planejamento. Atualmente, a unidade de ensino conta com 940 alunos, e atende Ensino Fundamental (anos finais) e Ensino Médio. A Diretoria de Ensino de São Bernardo e a unidade escolar estão à disposição da comunidade para mais esclarecimentos”, informa a nota da pasta estadual.
A Seduc não respondeu se o prédio do colégio Professor Carlos Pezzolo conta com AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) nem quando foram feitas a limpeza das caixas de água, desinsetização e desratização na escola.