A queda contínua da inflação, conforme aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já começou a ser percebida pelas famílias brasileiras, especialmente por aquelas mais pobres, que agora voltam a adquirir itens que em um passado recente foram abandonados no carrinho e/ou prateleiras de supermercados. Acontece que, em um momento de deflação, economistas alertam que é preciso cuidado redobrado para evitar compras desnecessárias e que possam gerar dívidas.
Volney Gouveia, gestor do curso de Ciências Econômicas e adjunto da Escola de Gestão e Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), explica que é preciso diferenciar entre o que o consumidor quer ou precisa antes de comprar um item. “É importante saber diferenciar se você deseja algo ou se de fato tem a necessidade dele. Será que aquilo será proveitoso para a sua vida? Essa comparação é essencial para identificar se o valor será um investimento ou gasto desnecessário”, diz.
Segundo o economista, é natural que conforme os preços baixem, a população invista em produtos de interesse, mas é preciso disciplina e planejamento para não gerar dívidas. “Acontece a economia de efeito riqueza, em que na disponibilidade de recursos financeiros, não existe percepção de renda ao consumidor e esse recurso adicional fica propenso a ser negligenciado na hora de fazer as decisões de compra”, explica.
Já em casos de promoções como “leve três e pague um”, o economista analisa que pode ser boa opção de investimento a longo prazo. “Principalmente os produtos não perecíveis, como itens de higiene, em que o consumidor vai utilizar bastante e não há riscos de perder a validade tão cedo”, afirma. No entanto, ainda nestes casos, é preciso cautela e que haja uma espécie de ‘rodízio nas compras’, a fim de não se endividar, mesmo com os descontos.
“Se em um mês você investiu bastante no sabão em pó, no próximo mês invista em outro item, como o sabonete, por exemplo. Importante sempre haver esse rodízio de um produto e outro para estar abastecido e pagar menos por isso”, explica. Lembrando que estes casos são especialmente para produtos não perecíveis, já que comprar em grande escala itens perecíveis pode significar desperdício.
Barateamento de produtos
No último mês, a Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) divulgou pesquisa em que mostra o valor da cesta básica com o menor patamar desde março de 2022. Os dados de agosto apontaram queda de 1,96% em relação a julho, chegando aos R$ 1.022,28, com destaques para o quilo da batata, tomate, frango e cebola, que apresentaram as maiores quedas, enquanto a alta se concentrou somente no quilo da banana, que subiu quase 25%.
Alguns itens tradicionais na cozinha do brasileiro, como o óleo, batata e o feijão também registraram maior procura pelos consumidores, assim como as carnes nobres (de primeira), como alcatra, contrafilé, picanha e filé mignon, que antes não eram tão procuradas. Já o arroz, que continua em alta, com variação negativa de 5,44% registrada no último mês, segue sendo um dos produtos mais procurados entre os consumidores. “E a projeção é que até o fim do ano o arroz permaneça em alta, podendo chegar até 20% mais caro do que o preço praticado hoje”, alerta o engenheiro agrônomo da Craisa, Fabio Vezzá de Benedetto.
Impactos da Primavera
Com o início da Primavera, altas temperaturas e clima mais seco, o mercado está otimista para a venda de frutas tropicais, que devem apontar preços menores e chamar atenção dos consumidores. “Frutas como abacaxi, melancia e melão devem baixar de preço até o fim do ano também. Apesar de não constarem em nossa pesquisa da Craisa, temos acompanhado o mercado e esses são itens que devem chamar atenção da clientela”, diz.
Em razão do calor e da necessidade constante de hidratação, a dica é apostar nas frutas da estação que possuem bastante água e garantem a hidratação, repasse de minerais, fibras e vitaminas para o corpo.