Em assembleia ocorrida na tarde desta sexta-feira (26/04), na Praça da República, no Centro da Capital, professores de todas as regiões do Estado se reuniram para uma assembleia única. A expectativa era a de que fosse decretada greve da categoria, porém esse encaminhamento acabou não saindo deste encontro estadual, porém os professores prometem continuar a mobilização. Diversos ônibus saíram das subsedes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de Sao Paulo) no ABC. Só de Santo André saíram dois coletivos lotados e boa parte dos manifestantes também seguiu para São Paulo com transporte coletivo.
Os professores questionam o uso de plataformas digitais no ensino, principalmente a qualidade do ensino por essas plataformas, condenam o uso do ChatGPT, além de relatarem que parte da categoria ganha menos do que o Piso Nacional, e exigem ainda o tratamento de forma igualitária entre as categorias, principalmente com a categoria O.
Para a diretora da subsede da Apeoesp de Santo André, Maira Machado, apesar de muito representativa, a proposta de greve acabou enfraquecida pela divisão em dois grupos, uma parte mais ligada à atual direção estadual da Apeoesp, que defendia a continuidade da negociação e outra ala defendendo uma ação mais firme, como a greve. “Foi uma assembleia muito difícil, um setor queria a greve à partir de hoje, nós da subsede de Santo André levamos essa proposta também, mas tinha outra ala, tanto que fizemos duas votações, a primeira contagem deu vantagem para a greve, a segunda ficou mais dividida”, conta.
Segundo a dirigente da subsede andreense o encaminhamento da assembleia orientou os professores a fazerem greve com os aplicativos do governo. “Se tivessem determinado greve da categoria os aplicativos iam parar automaticamente porque não teria ninguém para operar, mas como não foi assim, vão parar os aplicativos, mas essa é uma situação muito difícil porque os professores sofrem um assédio muito grande”, avalia.
Apesar da assembleia não ter fechado um encaminhamento mais duro contra o governo, que seria a greve. Maira considera que o resultado ainda foi positivo. “Saímos da assembleia com a moral elevada pela mobilização da categoria. Fizemos aqui em Santo André uma mobilização forte e combativa em todas as escolas e vamos continuar”, completa.
Resposta
Em nota, o governo de São Paulo disse que mantém diálogo com a categoria e lamentou a paralisação do ensino na data e a manifestção. “A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) lamenta que, apesar dos esforços em manter um diálogo constante com as entidades representativas, atos e manifestações sejam promovidos causando prejuízos aos estudantes e ao desenvolvimento da educação no estado”, sustentou.
A pasta de Educação nega pagamento de salários abaixo do piso nacional e garante que há valorização da categoria. “A atual gestão da Secretaria da Educação reconhece e valoriza o trabalho de todos os servidores da rede pública estadual e tem como objetivo principal a melhoria constante do ensino para todos estudantes e servidores. Exemplo desse compromisso foi a realização do concurso público para a contratação de 15 mil novos professores em todo o Estado, iniciativa viabilizada pela atual gestão após nove anos sem processos seletivos. Outra medida que impactou positivamente o corpo docente foi a retomada da realização das Atividades Pedagógicas Diversificadas (APD) em local de escolha, além da alteração da forma de desconto da falta-aula. A nova carreira de docentes da Seduc-SP oferece um salário inicial de R$ 5,3 mil, valor acima do piso nacional”, diz a secretaria em nota.
Sobre o uso de plataformas digitais, fortemente criticadas quanto à qualidade pelos professores, a Seduc-SP não se manifestou.