Cautela externa com bancos pesa no Ibovespa, que segue para 4ª semana de queda

O Ibovespa cai acima de 1% e na faixa dos 102 mil pontos nesta sexta-feira, 17, acompanhando a cautela internacional, a poucos dias da decisão sobre juros nos EUA. A preocupação dos investidores com o setor de bancos nos Estados Unidos e na Europa permanece apesar de um grupo de instituições anunciar que irá injetar US$ 30 bilhões no First Republic Bank, que passa por dificuldades financeiras. Agora, a informação é a de que a controladora do Silicon Valley Bank (SVB) financial pediu recuperação judicial.

“Os mercados ainda sofrem as consequências relacionadas a todo histórico bancário que estourou na semana passada SVB, depois Signature Bank, logo em seguida, Credit Suisse”, diz Sidney Lima, analista da Top Gain Research. “Nem mesmo a ajuda e a afirmação das autoridades ao setor tiraram as incertezas. Foi preciso a ajuda de um grupo de bancos. Não sabemos se tudo isso será suficiente para tranquilizar”, completa Lima.

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Para Rodrigo Jolig, CIO da Alphatree Capital, o comportamento negativo das bolsas, a busca por ativos de menor risco hoje indica que a questão dos bancos pode demorar para ter um desfecho. “As ações dos bancos estão operando mal. É uma sexta-feira de ressaca depois do rali de quinta NY em uma semana estressante. Os investidores podem estar percebendo que talvez este não seja o final dos problemas. O mercado parece que está sempre atrás de saber qual será o próximo banco a apresentar dificuldade financeira, que precisará de ajuda”, analisa.

Por aqui, tem a expectativa de divulgação das novas regras fiscais e do Copom, que acontece na próxima semana, em meio novos sinais de desaquecimento da atividade. A taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,4% no trimestre encerrado em janeiro, acima da mediana de 8,2% das estimativas do Projeções Broadcast.

“A princípio, o Ibovespa sofre mais com o exterior, mas está todo mundo atento ao que será apresentado do arcabouço fiscal, e tem o vencimento de opções sobre ações que por si só já traz muita volatilidade”, conclui Lima, da Top Gain.

Nem mesmo o anúncio de corte de compulsório na China evita queda do índice Bovespa. O petróleo cai quase 3%, enquanto o minério de ferro encerrou com alta moderada (0,44%) no mercado chinês de Dalian. Com isso, o Ibovespa caminha para uma quarta semana de queda, mas pode ter um volume um pouco acima da média diária por conta do vencimento de opções sobre ações. Ontem, fechou em alta de 0,74%, aos 103.434,66 pontos.

Segundo Jolig, CIO da Alphatree Capital, o anúncio de redução na taxa de compulsório pela China, após o país prever um crescimento menor em 2023, pode sugerir que o gigante asiático não está tão forte quanto se imaginava. “O mundo está com jeito de desaceleração. Para a inflação, isso é bom, mas não para o crescimento. Pode ser que o Fed subia o juro em 0,25 ponto porcentual na semana que vem, mesmo em meio a esses problemas de bancos. Se der zero, pode sugerir que as condições econômicas estão piores”, analisa.

O setor de bancos deve continua no radar também no Brasil ainda mais após a suspensão temporária por algumas instituições, inclusive Banco do Brasil e Caixa do consignado para aposentados do INSS. Além disso, há a expectativa, hoje à tarde, da apresentação do arcabouço fiscal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para completar, pode gerar desconforto no mercado a notícia de que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu o pedido de liminar apresentado ontem pelo PCdoB e suspendeu trechos da Lei das Estatais que restringem a indicação de políticos para cargos de diretoria.

Às 11h34, o Ibovespa caía 1,60%, aos 101.781,86 pontos, ante mínima aos 101.663,65 pontos, com recuo de 1,71%, depois de abrir em 103.433,65 pontos. Na semana, caía 1,76%.

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