
A Prefeitura de Santo André já começou a definir o destino das 125 crianças que deixarão de ser atendidas pela instituição Casa do Caminho Ananias, no Jardim Santo André. O atendimento de convivência em contraturno escolar será suspenso no dia 27 deste mês pela entidade que encerrou o convênio com a prefeitura. A direção da entidade alegou dificuldades financeiras para manter o atendimento. A administração municipal garantiu que vai atender todos os beneficiários, mas os pais estão preocupados com a distância do novo local.
Após ficarem sabendo do fechamento da unidade, as mães fizeram um ato em frente ao Paço Municipal na terça-feira (11/10) e foram recebidas na Prefeitura, que por sua vez indicou duas reuniões para tratar do assunto uma na quinta-feira (13/10) e outra na segunda-feira (17/10).
Rosângela Gomes Carioca, mãe de um casal de gêmeos atendidos pela Casa do Caminho Ananias, está preocupada com o destino das crianças e se ele ficará no Jardim Santo André. Ela diz que o melhor seria salvar a entidade. “Ela faz parte da nossa história, são 32 anos atendendo a nossa comunidade. A gente quer que seja reativado o espaço Régua e Compasso, que está parado e transferir para lá o atendimento, porque se for mandar para outras instituições eu acredito que vai ficar criança na rua, porque aqui não tem instituições em número suficiente para abrigar todos e nenhuma oferece a qualidade da Casa Ananias. Eu queria ajudar a salvar essa instituição, porque já fui muito ajudada por ela. Lá são atendidas crianças em extrema pobreza, algumas só tem o que comer porque estão lá”.
Tatiane Maria da Silva tem um filho que faz parte do projeto da Casa do Caminho Ananias e participou da reunião sobre o assunto e técnicos da prefeitura ofereceram duas opções, ambas distantes do Jardim Santo André, uma fica na Avenida Capitão Mário de Toledo e outra na Vila Rica. “A gente quer lutar por um espaço no Jardim Santo André; isso que a assistência social está oferecendo não é cabível, os endereços ficam longe e as mães não têm como levar os filhos, que na casa Ananias vão sozinhos. A comunidade precisa de atendimento porque as crianças não têm onde ficar”, disse a mãe que também fez referência ao espaço Régua e Compasso, que, segundo ela, tem boa estrutura e está praticamente sem atividades. “Se precisar de uma ONG para dar o atendimento a gente arruma. Pode também chamar os funcionários do Espaço Ananias que estão sendo demitidos, pois todo mundo gosta deles”, sugere.
Em nota, a Prefeitura de Santo André disse que todas as 125 crianças que participam das atividades na Casa do Caminho Ananias serão atendidas. “Todos os pais que manifestarem interesse em continuar no SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos) terão vaga garantida”. O RD também perguntou à administração sobre a qualidade do serviço, se serão garantidas as mesmas atividades, no que a prefeitura assinalou positivamente: “…o atendimento segue a tipificação do serviço ofertado”.
Ainda de acordo com a prefeitura todas as famílias serão atendidas com vagas em instituições na mesma região. “Todas as crianças serão atendidas na sua região de residência, e referenciamento junto ao Departamento de Proteção Social Básica”. Porém quando perguntado se os pais poderão conhecer antes a instituição para, só depois, escolher onde colocarão os filhos a prefeitura não detalhou. “No atendimento individual pelas equipes técnicas as orientações serão passadas”. A reportagem também indagou se as crianças poderão ser atendidas com transporte caso a instituição que vai assumir o SCFV, fique longe da residência. “Este tipo de serviço da Assistência Social não contempla transporte ‘escolar’”, respondeu a prefeitura, em nota.