Prestes a terem o julgamento marcado, Anaflavia Meneses Gonçalves e Carina Ramos, acusadas de matar e queimar os corpos de Flaviana e Homoyuki Gonçalves e do adolescente Juan Victor Gonçalves – pais e irmão de Anaflavia – devem se separar. A linha de defesa de cada uma é conflitante e Carina já constituiu um novo advogado. Também respondem pelo crime os irmãos Juliano e Jonathan Ramos, primos de Carina, além de Guilherme Martins Silva. O crime aconteceu em 27 de janeiro de 2020, na casa da família no Jardim Irene, em Santo André.
Inicialmente as duas acusadas admitiram o planejamento de um roubo para ficar com uma quantia em dinheiro que estaria no cofre da casa e que nunca foi encontrado. Elas ficaram presas inicialmente na mesma cela, mas pouco depois foram separadas. Segundo o advogado Sebastião Siqueira, que representava as duas, mas que agora se encarrega apenas da defesa de Anaflavia, disse que as defesas seguem caminhos contrários e confirmou que as duas vão se separar. “Ela (Carina) constituiu outro advogado, uma vez que irá se divorciar de Anaflavia. Neste caso nós já tínhamos a intenção de ficar com Anaflavia porque não poderíamos ficar com defesas antagônicas”, comentou.
Siqueira disse ainda que pediu a cisão, ou seja, a divisão das acusações. “A cisão é uma previsão legal, no caso ela seria julgada sem a participação dos demais. A defesa pretende que o Ministério Público individualize a conduta dos atos, como o juiz indeferiu houve o recurso. O advogado não poderá se curvar diante da acusação ou do juiz, deverá agir com independência, firmeza e conhecimento. Tratando as todos com respeito e exigindo o mesmo tratamento”, disse Sebastião Siqueira.
Segundo a denúncia do MP o crime foi planejado com antecedência. A polícia apurou que Carina chegou a fazer uma cotação para a troca do carpete do piso superior da casa da família dando entendimento de que o casal pretendia ficar com a casa. Os cinco acusados teriam feito até reuniões para combinarem o crime. Eles pretendiam ficar com R$ 85 mil que estariam no cofre da casa. As mortes também faziam parte do plano, segundo a denúncia.
Separado
Em junho o juiz Lucas Tambor Bueno, da Vara do Júri e Execuções Criminais do Fórum de Santo André, acolheu o pedido da defesa de Guilherme Ramos, de 21 anos, para um júri em separado dos outros quatro réus. Segundo o defensor de Ramos, o criminalista Leonardo José Gomes, o juiz atendeu ao pedido uma vez que seu cliente não teria participado dos crimes contra a vida. “Ele ficou no andar de baixo enquanto demais ficaram em cima com as vítimas tentando obter a senha para abrir o cofre. Ele estaria em um júri junto com outros que mataram e os jurados acabam condenando todos”, justificou o advogado.
O RD não conseguiu contato com o novo advogado de Carina Ramos, Fabio Gomes da Costa.