A maior alegria para uma mãe é poder estar junto com os filhos, no Dia das Mães isso ganha uma importância ainda maior. Neste domingo (10/05) o programa mais comum seria o almoço especial com toda a família reunida em volta da mesa; filhos, netos, genros e noras, todos juntos para homenageá-las mas a pandemia da Covid-19 chega perto de seu pico justamente neste momento afastando-os fisicamente. Apesar disso a data será muito especial para todas, mas o RDTv desta sexta-feira (08/05) destacou a situação de três mães que relataram como a doença afetou suas vidas, duas testaram positivo para o novo coronavírus e já se recuperam e uma passa momentos difíceis com o comércio fechado. Em comum as três tem o mesmo pensamento; de gratidão por passar o Dia das Mães com os filhos.
Cláudia Lima é comerciante, tem loja no bairro do Rudge Ramos, em São Bernardo, que está fechada. Está em casa cuidando dos filhos Luiz, de 6 anos, e Helena, de 10. Ela relata o drama de manter a casa, pagar as contas, do esforço de negociar com o dono do imóvel e os fornecedores. Por sorte, desde o início da crise econômica ela passou a estuar o marketing digital e isso já a ajuda bastante nas vendas on-line. Seria melhor com loja aberta, mas ao menos está pingando todos os dias. A queda nas vendas foi de 90%”, contabiliza. Para fazer frente as contas que não param de chegar o esforço maior foi investido na negociação. “Conseguimos negociar com fornecedores, com imobiliárias, alguns foram irredutíveis, ameacei sair do imóvel e resolver na justiça, aí deu certo”, comenta.
No domingo festivo ela deve receber mimos dos filhos em forma de beijos, abraços ou cartinhas. Perguntada sobre a surpresa, a filha Helena mantém o segredo guardado. “Não posso falar”, responde. Cláudia diz que ficará uma tristeza por não poder estar junto com a mãe que é idosa e tem problemas de saúde. Vai ser a primeira vez que vou ficar longe”, lamenta a comerciante. “Mas tudo vai passar é o que eu recomendo para as mães, fiquem o mais calmas possível; quando tiver angústia desabafem”, sugere.
Luana Secafem é enfermeira no Centro Hospitalar Municipal de Santo André, ela pegou a Covid-19 e teve que ficar em isolamento longe do filho de três anos. “Foi um choque, foi bem no começo que eu fui acometida pelo coronavírus fui morar com uma colega que ofereceu a casa dela para um isolamento comunitário. Foi muito difícil porque larguei meus pais. Eu me sentiria muito culpada (se eles adoecessem) pois são idosos, fazem parte do grupo de risco, que bom que eu estou aqui”, conta a profissional de saúde já na sua própria casa, se recuperando bem da doença.
O primeiro sintoma que Luana relata foi a diarreia, o que ela não deu muita importância no início até surgirem a dor de garganta, a febre alta, dor no corpo e a dificuldade para respirar, sintomas que apareceram três dias depois. “Passei no médico do trabalho mesmo e na auscutação ele já viu que algo não estava bem, fui para a tomografia e de lá já fui para o isolamento, quando minha colega e o médico apareceram na minha frente todos paramentados eu já percebi. Coletaram mais exames e me afastaram do trabalho imediatamente”, relatou a enfermeira que não chegou a ficar internada e já se recupera bem, apesar de em algumas situações sentir cansaço. “Tenho um leve cansaço para pequenos esforços. Segundo os médicos esse desconforto vai ficar entre quatro e seis meses”. Ela destaca que esse Dia das Mães será mais especial que os anteriores. “Meu maior presente é estar com meu filho, com saúde. Que as mães possam aproveitar com seus filhos em casa, pois o isolamento é muito importante, e que Deus possa abençoar cada uma”, conta emocionada. Ela fez questão de fazer um reconhecimento a todos os profissionais de saúde e também aos que trabalham na limpeza.
Superação é a palavra que resume a vida da overloquista de Mauá, Roseli Calenta, que ficou 36 dias internada para se tratar da Covid-19, 26 deles na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Durante esse período só conseguiu ver o filho três vezes. Ela conta como foram os primeiros sintomas e como foi receber a notícia de que estava com o novo coronavírus. “Comecei a sentir dor no peito, na cabeça, muita febre. Fui para trabalhar numa segunda feira, comecei com cansaço nas pernas e fui pra casa. No dia seguinte senti falta de ar e fui na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Mauá, onde me deram Dipirona com Plasil na veia e me mandaram embora”, relatou. Piorando ao longo da semana ela foi a outra UPA, esta de Santo André, já no domingo, onde fizeram exames, de sangue, urina e raio-X, foi quando a internaram na Santa Casa de Santo André. “Cheguei na Santa Casa e já fui para a UTI, foi tudo muito rápido, é assustador, a primeira coisa que me passava na cabeça é que eu ia morrer, mas depois pedi perdão a Deus pelo meu medo ser maior que a minha fé. Eu tinha certeza da cura e isso me ajudou muito. Para quem está passando por isso que tenha muita fé que vai ser curado”, diz.
Roseli teve alta no domingo (03/05). “Quando me disseram ‘vamos pra casa’ eu não sabia se ria ou se se chorava, é uma alegria muito grande poder passar o Dia das Mães com meu filho; o maior presente é estar em casa”, disse a mãe que ainda está em isolamento e não pode ter contato com os demais da casa. “Não vou poder abraçar, nem dar beijo ou abraço, mas vamos estar juntos para comemorar o Dia das Mães”.
Roseli encerra a entrevista com um apelo para que as pessoas fiquem em casa. “Tomem consciência do que estamos vivendo, a realidade no hospital é pesada mesmo. A gente só toma conhecimento quando acontece com alguém próximo ou da família, fiquem em casa”, recomenda a overloquista que vai passar o Dia das Mães ser ver a dela por conta do isolamento e finaliza agradecendo pela vida. “Agradeço pela chance que Deus me deu e que as pessoas saiam desta pandemia melhores”.
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