ABC - segunda-feira , 20 de maio de 2024

Condenada, Record terá de transmitir programas sobre religiões de matriz africana

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Depois de uma batalha judicial que durou 15 anos, a Record, emissora do bispo Edir Macedo, finalmente aceitou um acordo proposto pela Justiça e terá que exibir em sua programação, como direito de resposta, programas educativos sobre religiões de matriz africana.

O processo foi aberto em 2004 pelo Ministério Público Federal (MPF) junto com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e da Desigualdade (CEERT) e o Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro Brasileira (Intercab). A motivação foram programas evangélicos da emissora que depreciavam as religiões de matriz africana, como Umbanda e Candomblé. Condenada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) por racismo institucional em abril de 2018, a empresa do bispo Macedo recorreu e, agora, entrou em um acordo, que acabou atenuando os efeitos da condenação.

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A princípio, a Record e a Record News, emissora por assinatura pertencente à rede de Macedo, haviam sido condenadas a exibir oito programas sobre religiões de matriz africana, com uma hora de duração cada, em ambos os canais. O acordo firmado nesta quarta-feira (30), no entanto, estabelece que sejam apenas quatro programas, com 20 minutos de duração cada, a serem exibidos apenas na Record News.

Mesmo assim, Daniel Teixeira, coordenador de projetos do Ceert, considerou o acordo uma “vitória”. “É uma grande vitória poder mostrar a riqueza de valores religiosos que o país tem e passar uma mensagem de paz entre as crenças e contra a intolerância religiosa”, afirmou. A Record, por sua vez, ainda não se pronunciou.

Os programas, que deverão priorizar conteúdos informativos e culturais que abordem aspectos como origem, tradições, organização, rituais e outros elementos das religiões, serão produzidos pelas duas entidades autoras da ação e todos os custos deverão ser arcados pela própria Record.

A exibição do direito de resposta deverá acontecer, de acordo com a Justiça, ainda no primeiro semestre deste ano. (Revista Fórum)

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