
Relatório da Prefeitura de Mauá sobre as contratações de funcionários para o Hospital Nardini pela FUABC (Fundação do ABC) chama atenção pela forma como essas vagas foram preenchidas. Se comprovadas as informações, que agora estão em poder dos deputados da CPI das OSSs (Comissão Parlamentar de Inquérito das Organizações Sociais de Saúde), isso pode por abaixo não apenas o trabalho da entidade em Mauá, mas o trabalho que realiza em diversos outros equipamentos médicos do ABC, na Grande São Paulo, Capital e Litoral. Segundo relatório da própria fundação, no ano de 2016 a OSS mantinha 23 mil funcionários diretos, distribuídos em 18 hospitais e na Faculdade de Medicina do ABC.
Quando falamos de serviços públicos, sempre vêm à mente contratações com viés político e não técnico, apadrinhamento e despreparo no desempenho das funções. Ao ser contratado por meio de uma OSS e não por uma administração pública, esperava-se muito mais controle e exigências técnicas antes da formalização da contratação porque, afinal, a função e o dinheiro são públicos, mas o regime de contratação é diferente. Mas, segundo informou a Prefeitura em seu relatório, não era o que acontecia nos equipamentos de saúde geridos pela FUABC. O relatório aponta graves situações, que merecem apuração muito criteriosa por parte dos deputados da CPI. O documento de 236 páginas aponta, por exemplo, que os funcionários eram contratados sem uma análise de currículo, sem processo seletivo ou entrevistas. Eram contratados por indicação de outros funcionários e, pior, quem aprovava o período de experiência era assinado pelo mesmo funcionário que fazia a indicação.
São aguardadas, portanto, com muita ansiedade, as justificativas da FUABC sobre essa situação delicada. Ainda terá, a OSS, a missão de destrinchar, real por real, a dívida da Prefeitura de Mauá, a qual alega ser superior a R$ 122 milhões. A cambaleante Prefeitura, em estado de calamidade financeira, que teve prefeito preso e se mantém com uma prefeita interina, poderia ter ficado sem essa.