A alcunha de “caixa preta” parece perseguir a imagem da FUABC (Fundação do ABC), entra ano e sai ano. A entidade nasceu para ter um papel filantrópico de assistência social, saúde e educação, mas já foi acusada de abrigar cargos fantasmas, supersalários e ainda sofre questionamentos pela sua falta de transparência.
Vale frisar que Santo André, São Bernardo e São Caetano são mantenedoras da FUABC, ou seja, a entidade é mantida com dinheiro do contribuinte. O orçamento previsto pela entidade em 2017 chega à casa de R$ 2,3 bilhões, arrecadação superior a cinco cidades do ABC, apenas atrás dos governos andreense e são-bernardense.
No entanto, não há um lugar que se passe, onde a FUABC preste serviço com plena aceitação da população, muito pelo contrário, as críticas muitas vezes são severas. Por essa razão, cabe perguntar o que é feito com o nosso dinheiro.
Em Mauá, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) fez uma acusação grave à FUABC: de não ser transparente quanto às prestações dos serviços no Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini (foto), 23 UBSs (unidades básicas de saúde) e quatro UPAs (unidades de pronto atendimento 24 horas).
Ainda segundo o novo presidente da FUABC, Carlos Roberto Maciel, a entidade já agrega algo em torno de R$ 500 milhões em dívidas, que são oriundas da falta de pagamento de outros municípios, que por sua vez contestam a procedência desses passivos, como é o caso de Mauá. Ele, inclusive, quer provocar o Ministério Público, embora sem garantia de sucesso.
E sabe o que ocorrerá se esses municípios não pagarem essas contas? Caberá aos moradores de Santo André, São Bernardo e São Caetano arcarem de alguma forma com essa dívida, mesmo não tendo culpa nenhuma no cartório e tampouco contar com um serviço de qualidade na saúde pública.