As primeiras 72 horas após o fim do primeiro turno não são encaradas de maneira fácil para o PSDB. O momento de avaliação virou motivo para evidência de uma disputa interna. Em entrevista ao canal RDtv, nesta quarta-feira (10), o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), fez uma avaliação sobre a situação da legenda e negou que tenha sugerido a renúncia de Geraldo Alckmin da direção nacional do partido. Além disso, o tucano falou sobre a estratégia em torno da candidatura ao Governo do Estado de João Doria (PSDB) no segundo turno.
Morando não negou que o partido cometeu alguns erros estratégicos nos últimos anos sobre atitudes como a não expulsão dos ex-governadores de Minas Gerais, Aécio Neves e Eduardo Azeredo, após a deflagração de escândalos de corrupção, além do fato de ter participado ativamente do governo de Michel Temer, que chegou a assumir o comando de alguns ministérios.
Todos esses fatos citados, segundo o tucano, não foram encarados da melhor forma possível pelos eleitores da legenda que passaram um recado. “Eu sempre fui contra a participação do PSDB no governo Temer, isso está em todos os jornais e o eleitor mandou claramente um recado claro que não aprova a conduta do partido e a atitude que alguns membros tiveram em cargo público”, explicou.
Ao reafirmar que o partido precisa passar por uma autocrítica, o prefeito de São Bernardo negou que tenha feito qualquer pedido para que o ex-presidenciável deixe o comando do diretório nacional. Porém, reafirmou a sugestão para que fosse realizada antecipação das eleições internas do tucanato.
“Eu defendo que as eleições, acontecendo em 2019, ocorram em dezembro, mas podemos antecipar para o início do ano. A grande questão é que autocrítica é necessária em um momento como esse”, disse o prefeito, que considera que o eleitor do PSDB “não abandonou, mas brigou” com a legenda e que pode ser reconquistado.
João Doria
Considerado braço-direito do candidato ao governo do Estado, João Doria (PSDB), Orlando Morando considera que o ex-prefeito de São Paulo deve manter a estratégia de uma campanha voltada a explicar suas propostas para os eleitores paulistas e manter posições firmes, como o apoio ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“Essa campanha (de segundo turno) vai ser marcada pela posição política dos candidatos. O Doria já falou que vai votar no Jair Bolsonaro e o Márcio França precisa se posicionar. O PSB nacional já afirmou que vai com o (Fernando) Haddad (PT), vai apoiá-lo, então resta ao França seguir isso”, explicou.
Ao aliar Doria como candidato de centro-direita e o atual governador, Márcio França (PSB), como político de esquerda, Morando considera que a tendência das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, em votar em candidatos mais próximos da direita, pode ser trunfo para que o colega de legenda tenha o apoio da maior parte dos eleitores.
Questionado sobre o posicionamento de Geraldo Alckmin neste segundo turno em São Paulo, o prefeito de São Bernardo disse que o assunto não foi debatido durante a reunião da Executiva Nacional do PSDB, na última terça-feira (9).