O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC recebeu nesta segunda-feira (30) as empresas pertencentes aos grupos 3 (autopeças, parafusos e forjaria) e 10 (lâmpadas, mecânica, entre outros), que optaram negociar a assinatura do contrato coletivo de trabalho independentemente da recusa das respectivas bancadas patronais. A categoria está em campanha salarial desde 1º de setembro, data-base da categoria.
Na oportunidade foram fechados acordos com 63 empresas da base, sendo 41 do grupo 3 e 22 do grupo 10, que empregam ao todo cerca de 7,8 mil trabalhadores. Todos os acordos garantem a reposição da inflação pelo INPC – de 1,73% – a renovação cláusulas sociais do acordo anterior e uma “cláusula de salvaguarda”, que assegura aos trabalhadores que as alterações previstas pela nova legislação trabalhista (reforma e lei da terceirização) não poderão ser aplicadas sem negociação com o Sindicato.
O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, ressalta a importância da assinatura dos acordos com a cláusula de salvaguardas. “Nosso foco na campanha salarial deste ano tem sido a obtenção dessa proteção, que assegura o papel do Sindicato como mediador entre as empresas e o trabalhador, garantindo que elas não avancem sobre direitos com base na nova legislação.
Qualquer alteração terá de passar pela negociação com o Sindicato e isso é fundamental, pois essa campanha está nos mostrando o quanto a bancada patronal está empenhada retirar cláusulas historicamente conquistadas da categoria, como a estabilidade ao acidentado, entre outras”, aponta.
“Os acordos assinados hoje dão sequência a nossa Campanha Salarial e foram um passo importante dentro do que nós havíamos estabelecido, que era criar uma salvaguarda em relação à reforma trabalhista e a terceirização. Todas as empresas que estiveram no Sindicato se comprometeram a negociar com o Sindicato qualquer possibilidade de aplicação de itens das reformas nas fábricas. Isso reforça o papel que a negociação coletiva tem na vida dos trabalhadores e nas relações de trabalho”, explicou Wagnão.
Na semana passada os trabalhadores aprovaram as propostas apresentadas pelos grupos patronais de Estamparia, Fundição e Grupo 8, que reúne os sindicatos de empresas de trefilação, laminação e artefatos de metal. Na sequência, foi iniciado um movimento de paralisações nas fábricas dos grupos em que as negociações não avançaram. Na terça-feira, dia 25, cerca de 1,3 mil metalúrgicos ficaram parados em empresas de Diadema e São Bernardo, e o movimento continuou ao longo da semana.
Com a assinatura dos acordos chega a 35 mil o número de trabalhadores da base dos Metalúrgicos do ABC cobertos por acordo coletivo na campanha salarial deste ano. Esse número não inclui os cerca de 24,5 mil trabalhadores de montadoras, que estão fora da campanha salarial pois já possuem acordos de longo prazo negociados nos anos anteriores. Com cerca de 73 mil trabalhadores na base, restam cerca de 13,5 mil trabalhadores sem acordo, fazem parte dos Grupos 3, 10 e Sindicel (G8). De acordo com o Sindicato, a mobilização vai continuar sendo realizada nas fábricas onde a campanha salarial continua indefinida.
Em todo estado de São Paulo estão em campanha salarial cerca de 198 mil metalúrgicos. A negociação é conduzida pela Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT), com as bancadas patronais listadas abaixo.