
Os trabalhadores da Movent, antiga Nakata, em Diadema, estão com medo quanto ao futuro da empresa. A metalúrgica, que já vinha acumulando atraso no pagamento de fornecedores e pessoal terceirizado, em fevereiro atrasou também o pagamento e o vale dos funcionários diretos. O atraso foi de dois dias, mesmo assim acendeu um sinal de alerta para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que realizou uma assembleia na sexta-feira (03/03) e que também teve uma reunião com a direção da empresa na segunda-feira (06/03). A fábrica emprega 460 operários.
A empresa é uma das mais antigas de Diadema, com 56 anos. Em 1967 a Nakata foi inaugurada, em 1997 a fábrica foi adquirida pelo grupo americano Dana e passou a se chamar Dana Nakata, em setembro de 2018 ela foi adquirida por um grupo de empresas e passou a se chamar Movent. Segundo o diretor do sindicato, Antonio Claudiano da Silva, o Da Lua, no mês seguinte à última aquisição a empresa já passou a apresentar problemas que foram se multiplicando. “Um mês após a aquisição já começou a atrasar o depósito do Fundo de Garantia, depois passou a atrasar fornecedores e o pagamento das empresas terceirizadas como portaria, limpeza e restaurante, agora os atrasos chegaram também aos trabalhadores contratados diretamente. O vale de fevereiro, que seria pago no dia 15, atrasou e o pagamento do dia 28 só saiu dois dias depois, por isso nos preocupamos, fizemos assembleia e depois reunião com a diretoria para saber o que está acontecendo”.
Durante a reunião a direção da Movent apresentou planos de investimentos e de ampliação da empresa que chegaria a ter mais de mil trabalhadores, segundo reproduziu Da Lua, porém outros fatores levam o sindicato a ver com reservas e certa preocupação o futuro da empresa que fornece diretamente para as montadoras de veículos peças de suspensão. “A empresa já perdeu a Volkswagen e a Man, e pode ainda perder a Mercedes-Benz e a Fiat”, relata o diretor sindical que avalia que a metalúrgica dá sinais de que pode encerrar as atividades. “Tem todos os indícios e por isso a gente está lá vigilante, o sindicato e a comissão de fábrica. O nosso presidente, Moisés Selerges, até entrou em contato com a Mercedes para saber a real situação da Movent com a montadora. Esperamos que não haja mais atrasos e que a empresa apresente para que a gente saiba qual será a fábrica do futuro”, disse Da Lua.
Segundo o diretor ainda não há um fato que possa gerar uma demanda judicial a fim de garantir os direitos dos trabalhadores, caso a empresa venha a encerrar as atividades, mesmo assim o jurídico da entidade já está fazendo levantamentos de bens da empresa. “Quando a Dana passou a empresa para a Movent o faturamento era muito menor e a empresa ia bem mesmo assim, não tinha atrasos, agora mais do que dobraram o faturamento e está nessa crise, ao que parece estão custeando outras empresas com o lucro”, conclui o sindicalista.
A estimativa é que para cada um dos 460 trabalhadores da Movent pelo menos outras três pessoas estejam empregadas indiretamente. Portanto, se a empresa fechar, o impacto poderá ser de 1.380 empregos perdidos. O RD não conseguiu contato com a direção da metalúrgica até o fechamento desta reportagem.