Apesar do clima de luto por conta da decisão imutável da saída da Toyota de São Bernardo, os trabalhadores aprovaram, em assembleia realizada na tarde desta sexta-feira (03/06)), a proposta para transferência dos trabalhadores que optarem por ir para outra unidade da montadora e de PDV (Plano de Demissão Voluntária) para os metalúrgicos que escolherem sair da empresa. O anúncio de fechar a unidade, a mais antiga da empresa fora do Japão com 60 anos de produção, foi feito no dia 5 de abril e confirmado ao SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) na última semana.
O trabalhador que quiser sair vai ter um PDV de 35 salários fixos com o acréscimo de mais um salário por ano trabalhado, 12 meses de assistência médica e disponibilização de cursos profissionalizantes do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Aqueles que optarem pela transferência receberão pelo acordo dois salários nominais no ato da transferência, mais 2,4 salários nominais no caso de mudança de endereço, bônus de transferência e estabilidade até novembro de 2026. Caso o trabalhador opte pelo PDV entre o sexto e sétimo mês de transferência terá direito a 75% do valor que teria sido o PDV inicial. Também foi aprovado o pagamento de um bônus de permanência a todos os trabalhadores que continuarem na planta de São Bernardo até novembro de 2023, período que a empresa já havia anunciado como prazo limite para encerramento das atividades na cidade.
Para o diretor administrativo do SMABC, Wellington Messias Damasceno, apesar da saída da empresa da cidade, que traz prejuízos para a economia do município, o acordo foi positivo para os trabalhadores. “Foi uma vitória, mas com sabor amargo. Nós queríamos que a empresa permanecesse, por isso fomos atrás de falar com o governador, com o prefeito, com os metalúrgicos do Japão, fizemos tudo que era possível. Apesar de tudo isso essa transferência trouxe algum alívio para o trabalhador, tanto para os que querem acompanhar a empresa como para os que quiserem sair. A estabilidade até novembro de 2026 é um prazo muito bom, mais o bônus são boas condições para quem optar pela mudança”, comenta.
Para o dirigente sindical, até para quem pretende sair da empresa o PDV é vantajoso. “Para quem for ficar dá para se ajeitar e se for novo tem os cursos que podem ajudar encontrar uma oportunidade. No fim ambas as possibilidades ficaram parecidas e os trabalhadores agora ficam na dúvida. Tanto que não sabemos ainda o percentual de quem fica ou de quem vai com a Toyota. Certamente os trabalhadores agora com a proposta aprovada, vão conversar com suas famílias para decidir”.
Com 60 anos, a planta de São Bernardo foi a primeira unidade da Toyota fora do Japão e conta hoje com cerca de 550 trabalhadores. “Perde a cidade e a região, é mais um golpe duro na economia e essa saída tem um efeito pesadamente negativo”, completa Damasceno.