
Moradores do bairro Casa Branca, em Santo André, procuraram o RD para relatar o cenário de insegurança e abandono na rua Panamá, marcado pela atuação irregular de um ferro-velho, que, segundo eles, atrai a permanência de pessoas em situação de rua. Os munícipes apontam tentativas de assalto, consumo de drogas, brigas frequentes, violência contra animais e até relações íntimas em plena luz do dia.
De acordo com uma moradora, que preferiu não se identificar por medo represálias, um carro foi roubado recentemente na área e, dias depois, houve uma tentativa de assalto a um pedestre.
“A quantidade de pessoas em situação de rua aumentou consideravelmente em cerca de um ano. Fora a insegurança, o local fica cheio de lixo e entulho”, desabafa. “Tenho medo e vergonha de receber visitas em casa. Vergonha pela quantidade de lixo na região e medo de assaltos. Quando eu recebo alguém em casa, e ela vai embora, eu torço para que a pessoa saia logo do bairro”, relata.
“Recentemente eu voltava para casa e me deparei com um casal tendo relações sexuais em plena luz do dia. E se passa uma criança nesse momento?”, questiona com indignação.

Um vídeo enviado à reportagem mostra o momento em que um indivíduo arremessa um pedaço de madeira contra um cachorro nas imediações. Segundo os munícipes, além dos pedaços de madeira, os ataques também acontecem com garrafas e outros objetos que estiverem ao alcance. Há ainda relatos de que os cães que circulam pela região atacam pedestres.
Júlia Costa, que também reside ao redor da rua Panamá, revela que as vias estão cheias de pombos, recicláveis e colchões, e que a sujeira muitas vezes bloqueia as calçadas. “Eles brigam muito entre si. A limpeza aqui é rara, ninguém vem limpar”, afirma a munícipe.
Interdição do ferro-velho
Em nota, a Prefeitura de Santo André, por meio do Departamento de Controle Urbano (Dcurb), afirma que não há atividade comercial no ferro-velho da rua Panamá. “Este imóvel, que foi lacrado pela administração municipal em março, segue sem ser utilizado” A informação, no entanto, é contestada pelos munícipes, pois afirmam que o estabelecimento funciona com a meia porta aberta.
Ainda segundo a administração municipal, a Guarda Civil Municipal (GCM) mantém rondas no local e colabora nas ações ostensivas que são de competência da Polícia Militar. “O município sinalizará ao comando de área para o reforço no policiamento para coibir os casos de roubo de carro e tentativa de assalto relatados”, diz a nota da Prefeitura.
Sobre as pessoas em situação de rua, a Secretaria de Assistência Social conta que as equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social Adulto diariamente estão no local e realizam ações de aproximação. No entanto, a ação se fundamenta na defesa dos direitos humanos, pautada pelo respeito à dignidade e autonomia dos sujeitos. Por essa razão, não se efetua a retirada compulsória de pessoas dos espaços que ocupam como moradia.
Em relação aos cães, o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal não havia recebido nenhuma denúncia de maus tratos neste local.
Já a Secretaria de Saúde, informa que atende atualmente a cada 15 dias os quatro munícipes que permanecem na avenida Firestone permanentemente.