ABC - terça-feira , 17 de junho de 2025

Acidentes com balões começam a aterrorizar região; dois caíram no domingo

Polícia Militar Ambiental apreendeu balão após acionamento por técnicos do Semasa que viram a queda no Parque do Pedroso. (Foto: Divulgação Semasa)

A temporada em que os balões são mais frequentes ocorre entre os meses de junho e julho, já que havia uma cultura de soltar balões nas frestas juninas, porém mesmo antes da temporada, dois episódios importantes envolvendo balões ocorreram na região no domingo (18/05), um em Santo André, que resultou na detenção de quatro homens e uma multa de R$ 40 mil; no outro caso um balão enorme caiu sobre a sede das secretarias municipais da prefeitura de Rio Grande da Serra, ninguém se feriu, mas o balão ficou preso na rede elétrica.

Segundo a Polícia Militar, desde 2022, foram lavrados no ABC vários autos de infração que resultaram em R$ 460 mil em multas, com a apreensão de 36 balões inteiros e 250 apreensões de partes de balões. A Defesa Civil estadual também informou que auxilia no monitoramento de situações que envolvam balões. Durante o período de estiagem o governo aciona a operação SP Sem Fogo que envolve cerca de 3 mil agentes em 600 municípios do Estado.

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Os episódios de domingo já dão uma dica de como será a temporada de balões no ABC, que, mesmo com campanhas de conscientização ainda enfrenta esse que é considerado um crime ambiental com potencial para incendiar casas, empresas e florestas. Uma área de grande perigo para queda de balões é o Polo Petroquímico de Capuava, na divisa entre Santo André, Mauá e a Capital. Por lá estão empresas cuja rotina é lidar com produtos inflamáveis, como envasadoras de gás de cozinha. As empresass do Polo já estão de prontidão; cerca de 1 mil pessoas, divididas em três turnos, trabalham para evitar acidentes nas plantas industriais, sobretudo com balões. A observação do céu é uma rotina e, entre junho e julho, o trabalho é mais intenso.

“No início de maio, tivemos um balão que chegou a cair dentro do Polo, mas as equipes de brigada conseguiram apagar o balão em solo, pois se tratava de um balão pequeno. O risco foi grande porque caiu em uma envasadora de gás onde ocorria uma operação de carregamento”, relata Valdemar Conti, coordenador do PAM (Plano de Auxílio Mútuo do Polo Petroquímico) que reúne empresas do conglomerado petroquímico. De janeiro a abril deste ano foram nove quedas de balões no Polo.

Conti explica que o PAM tem uma frequência de rádio em que todos os brigadistas estão conectados. Os departamentos de trânsito de Mauá e Santo André, bem como o SAMU e os Bombeiros fazem parte desta rede . “Quando um balão é menor usamos extintor mesmo, mas quando é muito grande as viaturas contam com jatos potentes de água que é para derrubar logo e apagar a tocha”, explica o coordenador.

Balão caiu sobre fiação em frente ao prédio da prefeitura de Rio Grande da Serra. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

Além das empresas que lidam com líquidos inflamáveis dentro do Polo Petroquímico, ele é cercado por uma área de mata, e logo após os muros do complexo há bairros inteiros. Segundo Conti, se o balão cai na mata e se incendeia, o fogo é de difícil combate, até que as viaturas consigam chegar até o local.

Os dados do Polo mostram que houve um crescimento no ano passado do número de ocorrências com balões. Em 2021 foram 63 casos, 47 em 2022, 31 em 2023 e no ano passado foram 44 casos. “Nos chama a atenção aqueles balões enormes, com 18 metros ou mais. No caso dos baloeiros, não tem jeito, eles são caso de polícia, agora sobre questão cultural, estamos fazendo um trabalho de educação, nas escolas e com a comunidade. Aqui a gente faz simulados de acidentes e também envolvemos a população do entorno. É importante que quem observar baloeiros preparando balões, que denuncie através do 190 ou do 181, porque assim a polícia pode agir, já que a operação de soltura de um balão grande leva tempo, que é o suficiente para a polícia chegar”, completa Conti.

Casos

No domingo (18/05) no Parque do Pedroso em Santo André, a Polícia Militar deteve quatro homens suspeitos de soltarem um balão de 18 metros. Os envolvidos foram multados em R$ 40 mil. As equipes foram acionadas pelo pessoal do Semasa (Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André) que viram o balão cair no parque. Assim que a Polícia Militar Ambiental chegou ao local recolheram o balão e iniciaram buscas pelos responsáveis, já que baloeiros costumam seguir o balão até sua queda e recuperam algumas partes de maior valor da estrutura.

Os policiais passaram mais de uma hora e meia na mata, quando encontraram quatro homens carregando partes do balão, além de bandeira, arreio, boca e cangalha. Eles foram detidos e levados ao 6° Distrito Policial de Santo André, onde foram autuados por crime ambiental, multados com base na Lei nº 9.605/98.

Em Rio Grande da Serra, também no domingo (18/05) chamou a atenção a cena de um balão de grande porte enroscado aos fios da rede elétrica que ficam junto à prefeitura. O município relatou que não houve prejuízos.

Campanhas

Além das empresas do Polo Petroquímico e Defesa Civil do Estado, as prefeituras estão mobilizadas também. Em Santo André o Departamento de Proteção e Defesa Civil promove treinamentos especializados para o combate a incêndios florestais e incêndios em vegetação. “Esses treinamentos são voltados para as equipes de emergência da Defesa Civil, servidores operacionais de diversas áreas, funcionários de parques e unidades de conservação, além da população residente em regiões de risco, especialmente aquelas comunidades com habitações de madeira situadas próximas a parques e extensas áreas vegetadas. As brigadas empresariais também podem participar. Além disso, a Defesa Civil de Santo André integra o PAM Capuava e o PAM São Caetano”, diz o paço andreense que aponta 44 quedas ou avistamento de balões na cidade somente no ano passado. Neste ano a prefeitura contabilizou oito situações de avistamento ou quedas.

Valdemar Conti, diz que a preocupação é grande das empresas do Polo Petroquímico, diante da alta de casos. (Foto: Reprodução)

A prefeitura de Rio Grande da Serra, diz que não tem planejada uma campanha específica sobre balões para este ano, mas diz que o treinamento é constante para a sua equipe de Defesa Civil. “A equipe recebe anualmente treinamentos voltados a incêndios em mata, o último ocorreu agora em maio, coordenado pela Casa Militar. São grandes parceiros do nosso município a UNIPAR, inclusive anualmente são elaborados treinamentos de evacuação simulando situações químicas envolvendo a comunidade do município e Forças de Emergência Estaduais”, informa nota da administração municipal.

Neste ano, como em outros, a prefeitura de São Caetano vai distribuir folhetos de conscientização sobre os perigos da soltura de balões. O município também destaca o treinamento em parceria com a Defesa Civil do Estado e os Bombeiros. A partipação das empresas também é outro destaque da nota da prefeitura sancaetanense. “A administração realiza treinamentos simulados com todas as empresas do município, em atividades mensais. Em 2024 foram registrados dois casos de incêndios provocados por balões na cidade. Em 2025, não houve registro de episódios”, diz o comunicado.

A Prefeitura de São Bernardo informou que começa nas próximas semanas a campanha contra a soltura de balões. “Para tal ação, os agentes da Defesa Civil passaram por treinamento de combate a incêndios, já visando o período de estiagem que se aproxima. Em julho de 2024, tivemos ocorrência com queda de balão em mata entre as empresas Brazul e Volkswagen, sem intercorrência para a população”, informa a administração municipal.

Diadema informou que não tem uma campanha prevista, que não registrou recentes quedas de balão, mas que a Defesa Civil municipal, bem como os órgãos de emergência estão treinados para agir em qualquer situação. Mauá e Ribeirão Pires não responderam.

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