O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil anunciou na última quarta-feira (29/01), a elevação da taxa de juros para 13,25% ao ano, ou seja, um ponto percentual a mais do que terminou em 2024. Em entrevista ao RDtv, o economista e professor da Strong Business School e da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Sandro Maskio, aponta o controle da inflação como um dos motivos para a medida. Uma das consequências é que o crédito ficará mais caro.
O aumento da Taxa Selic era esperado, principalmente após o aviso dado pelo próprio Copom na reunião de dezembro de 2024. Com a elevação dos preços dos alimentos, o que vem gerando uma pressão em relação a inflação, o Banco Central resolveu tomar uma medida que visa controlar o consumo para não elevar ainda mais os valores.
“O que tem provocado elevação de preços não são estritamente fatores internos da economia, há vários fatores externos da atividade econômica que têm provocado elevação de preços. Há exemplo aí do próprio preço dos alimentos, que tem uma pressão internacional, mais recentemente, com muita intensidade, a questão da taxa de câmbio, também tem pressionado variação de preços no mercado interno. E veja se são todos fatores para o lado da oferta. O instrumento da política monetária quando combate à inflação, ele combate à inflação pelo que a gente tinha para o lado da demanda. Ele amplia juros, fazendo com que o crédito se torne mais caro e desestimule o consumo, torne mais difícil o consumo e a demanda.”, explica Maskio.

A elevação dos juros cria dois cenários. Para os poupadores, há um caminho para um melhor rendimento. “No cenário com uma taxa básica de juros elevada, os chamados títulos de renda fixa, incluindo como exemplo o título de dívida pública do governo, tesouro direto, são títulos que passam a oferecer remunerações atrativas. Então, para quem é poupador, para quem está do lado do poupador, eu diria que quando há essa elevação da taxa de juros, há um resultado melhor para ele ou há melhores oportunidades de ganho com o retorno do esforço de poupança que ele realiza.”, segue o economista que aponta que este grupo é formado por uma faixa minoritária da população.
Para a maioria, o que vai ser sentido é que o crédito mais caro, o que aponta um cenário desfavorável para quem planejava buscar crédito bancário para um investimento maior como a compara de um imóvel, por exemplo. Apesar disso, como tal processo está inserido de maneira clara na cultura econômica do brasileiro, apesar da alta, poucos vão perceber de fato mudanças.
“Então, crédito consignado, cheque especial, a taxa de juros rotativo do cartão de crédito, mas também o financiamento de automóvel, o financiamento de imóveis, todas as demais taxas de juros tendem a se elevar. Em geral, qual é o cuidado quando a gente pensa no Brasil? No Brasil, as taxas de juros ao consumidor já são muito elevadas. Então, quando você olha, por exemplo, o cartão de crédito, a gente está falando em qualquer coisa acima de trezentos por cento ao ano. Então, quando o Banco Central aumentou um ponto percentual a taxa básica de juros, para o cara que já está pagando mais de trezentos por cento ao ano, se variar mais dois pontos percentuais, mais cinco pontos percentuais, a taxa de juros anual no cartão de crédito, é praticamente imperceptível.”, completa Sandro Maskio.