Pacientes relatam caos no atendimento pediátrico do Hospital Pereira Barreto

Mãe de paciente mostra o mau funcionamento de equipamento de oxigênio do Hospital Pereira Barreto. (Foto: Reprodução)

Demora por atendimento no pronto socorro pediátrico, falta de médicos, suprimentos e até equipamentos com defeito, estão entre os relatos de mães que conversaram com o RD sobre o atendimento no Hospital Pereira Barreto, de São Bernardo, que pertence à Hapvida NotreDame Intermédica. O hospital diz que já reorganizou os fluxos de atendimento devido a alta demanda, mas pacientes não estão nada satisfeitos, até a Polícia Militar foi acionada na última semana.

Giovana Paes levou o filho de um ano e onze meses que tem paralisia cerebral ao hospital. Depois de dias do que ela chamou de descaso com os pacientes decidiu assinar a alta médica para levar o filho a outro atendimento médico. “Quando a gente internou, como estava com muita lotação nos jogaram em um quartinho lá na obstetrícia, meu filho com a saturação baixa, com pouco oxigênio, não teve nenhum respaldo de médico e só subimos para o quarto depois de dois dias naquele buraco. No leito, meu filho ficou hoje (quarta-feira, 24/04) sem comer porque esqueceram do almoço dele, que só veio as 17hs, também estava sem medicação desde ontem às 18hs. Ele teve crises de falta de ar, mas não tem médico no corredor e tive que esperar três horas para a médica subir e avaliar meu filho. Hoje precisamos acionar a diretoria do hospital para ir embora. Assinei a alta do meu filho por livre e espontânea vontade para ir embora”, relata a mãe.

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Sarah Marques levou a filha de dois anos ao Hospital Pereira Barreto no domingo (21/04). A criança estava com dificuldade para respirar e saturação muito baixa. A mãe revela o calvário que foi o atendimento. “Chegamos no domingo e ela estava com saturação baixa, de 85. Foi muita demora para sermos atendidas, demora para por no oxigênio e sem médico para atender. Depois de muito escândalo, de mães reclamando com os filhos que estavam com febre de 40 graus, a fila andou, mas só porque as mães brigaram. Tinha mãe alterada, crianças chorando, uma verdadeira cena de filme de terror. Entrei 13hs quando deu 20h fui procurar o médico para saber o que minha filha tinha, porque a saturação só caia e ele disse que era só gripe e foi embora. Depois a saturação caiu para 83 até que eu surtei com o descaso e comecei a gritar, aí liberaram oxigênio de novo. Disseram que ela estava com broncopneumonia e à 1h da manhã liberaram internação, mas só deixaram subir às 5h da manhã e quando chegamos o quarto não estava pronto. Aí acionei a PM que também não foi ao hospital porque dizem que sempre vão e não resolvem nada. Teve até médico gritando com mãe. Minha filha está toda assada porque o hospital não tinha pomada e eu tive que sair para comprar. Não tinha soro fisiológico para lavar as vias aéreas da minha filha, nem aquele forro descartável para por na banheira o hospital tem”, relatou a mãe que diz que agora o atendimento melhorou um pouco após as brigas.

Sully Lima esteve com a filha de dois meses no Hospital Pereira Barreto na terça-feira (16/04). Antes já havia passado pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e estava com diagnóstico de bronquiolite. “Como eu tenho convênio resolvi levar para o hospital do convênio e a ambulância me trouxe para o hospital. Quando cheguei estava lotado, eu esperei mais de 24 horas para subir para o quarto. Lá embaixo (no PS) o atendimento foi péssimo. No quarto não se conseguia falar com pediatra, quando a gente precisa tem que avisar a enfermeira que pede pediatra do pronto socorro. Minha filha passou mal, estava engasgando e eu desesperada. Ela estava no oxigênio. mas a saturação não melhorava, mesmo com o aparelho no nível 8. Aí me levaram para o ambulatório porque não tinha vaga na UTI, mas lá, no oxigênio a saturação melhorou e eu só descobri o porquê um dia antes de ter alta; descobri que o aparelho de oxigênio estava quebrado. Pediram um raio X que não foi feito porque máquina tinha quebrado, mesmo assim eu tive alta. Resumindo o hospital é péssimo”, conta.

Em nota, a Hapvida NotreDame Intermédica, não negou as dificuldades no atendimento e atribuiu os problemas a alta demanda de pacientes. “O hospital informa que devido à epidemia de dengue e outras viroses na cidade, readequou o quadro de profissionais, com o pronto-socorro de pediatria operando com equipe triplicada, e realizou ajustes no modelo de atendimento para reduzir os tempos de espera. A direção médica está em contato com as mães das crianças, oferecendo todo o cuidado, acolhimento e estão recebendo toda a assistência necessária ao seu quadro clínico. Reiteramos nosso compromisso em fornecer o melhor serviço, respeitando os critérios individualizados de urgência e emergência, e cumprindo os prazos estabelecidos pela ANS. A instituição permanece à disposição para quaisquer dúvidas”.

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