ABC - segunda-feira , 27 de maio de 2024

Setor de locação de imóveis comerciais é afetado com onda de roubos e furtos

Centros comerciais sofrem com problemas de falta de policiamento que expulsa comerciantes (Foto: Banco de Imagens)

Apesar de uma sensível queda de 5,7% no número de roubos e furtos em estabelecimentos comerciais no ABC – 686 casos no primeiro bimestre de 2023, e 647 no mesmo período de 2024 -, a insegurança tem levado comerciantes fecharem as portas e mudarem de ponto, num processo de desvalorização de imóveis e queda do valor do aluguel. Preocupados, a Acigabc (Associação dos Construtores e Imobiliárias do Grande ABC) e o CreciSP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo) debatem o assunto e preparam agendas com representantes da segurança pública para os próximos dias.

Não há números oficiais sobre quanto a insegurança afeta a locação de imóveis comerciais. Mas a percepção de quem atua no setor não deixa dúvida de que sim, o mercado é prejudicado pela falta de segurança.

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Comerciante da Vila Assunção, em Santo André, Roberto Trevellin, diz que essa é uma preocupação, mas que no local onde tem a sua loja de utilidades não viveu esse tipo de problema ainda. “Não temos problema no ponto onde estamos, mas temos insegurança por causa da falta de policiamento. Eu ainda não tive problemas, os proprietários foram flexíveis na pandemia não reajustaram, até porque estamos aqui tem bastante tempo. Só poderia ser melhor se tivesse mais policiamento”, diz.

O empresário Carlos Alberto Soares Sobrinho, dono do Motel Estoril, na Vila Balneária, em São Bernardo, conta que já pensou em negociar o imóvel, que é próprio, durante a crise da pandemia e por episódios que ocorreram no passado recente do bairro. A crise fez alguns motéis do entorno fecharem, e a localidade passou por um período de degradação, imóveis invadidos, mas agora, segundo o relato, a situação melhorou, o policiamento preventivo veio e os negócios voltaram a andar bem. “Teve um tempo que eu pensei em negociar, mas pensei que ia perder muito o valor. Mas agora está tudo muito melhor, a polícia passa aqui direto”, diz o empresário.

Processo de desvalorização

Para o presidente do CreciSP, José Augusto Viana Neto, a situação é séria em todas as regiões, mas principalmente na Capital e Grande São Paulo. “A violência é um fator desastroso para o valor da locação. Há regiões onde um ponto comercial que antes valia muito dinheiro agora está fechado e não se consegue alugar. Quando isso começa não para mais até aniquilar o local. A Grande São Paulo tem muitas regiões assim e só um trabalho forte, principalmente com policiamento, para atrair o interesse de novo para o lugar”, analisa.

Viana Neto cita exemplo de bairros que sofrem com degradação por abandono do poder público ou pela violência que afasta dali moradores e comerciantes. “São lugares que estão próximos a uma boa infraestrutura, mas é preciso um investimento para o aproveitamento”, diz ao citar o retrofit, estratégia que visa transformar prédios abandonados em moradias. “A cidade é um ser vivo que também adoece”, diz.

Dirigentes do CreciSP se reúnem em maio com a Associação Comercial de São Paulo, gestores públicos e membros das polícias e guarda civil para debater segurança e áreas degradadas. “Já fazemos um trabalho com nosso Grupo de Fiscalização Integrada que verifica áreas de mananciais juntamente com a polícia ambiental e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura. Podemos fazer convênios com mais prefeituras para verificar situações e ver o que pode ser feito em locais onde a violência e a degradação está presente”, completa.

Falta policiamento ostensivo

Para o diretor da Acigabc e dono da imobiliária Guaíra Imóveis, Nilson Aparecido Ferreira o mercado de locação de imóveis comerciais está estável na região, porém está abaixo do esperado pelo setor. Ferreira conta que a segurança é fator determinante para locação comercial. “Eu tenho um imóvel em avenida de grande movimento de Santo André para alugar. Fechamos o negócio e quando o locatário foi tomar posse do prédio tinham invadido lá e roubado toda a fiação, isso o fez desistir na mesma hora. Isso é comum, esses furtos e pequenos roubos em algumas localidades. A gente sente muita falta de policiamento preventivo”, conta.

Ferreira diz que a situação derruba os valores de locação e às vezes mesmo com aluguel mais baixo não se consegue fechar um contrato. “Isso afeta não só as locações, mas vendas também. A violência está generalizada, mas tem alguns bolsões onde é pior. O problema dos furtos é falta de fiscalização dos receptadores. Furtam fios e janelas e outras coisas porque tem depósito de ferro velho que compra. Na construção civil temos muitas obras que são invadidas para furtar fios e outros materiais. Inclusive vamos marcar uma reunião em breve com o comando da Polícia Militar e queremos também as guardas civis municipais do ABC junto para discutir essa situação. Só não definimos a data ainda”, completa o diretor da Acigabc.

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