No Brasil, financiamento à economia real continuou desacelerando, diz Comef

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central destacou a continuidade da desaceleração do financiamento à economia real na ata do seu 56º encontro, que manteve o Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) em 0%. O colegiado alertou que o ambiente de crédito continua demandando atenção.

“Nas principais modalidades de crédito às pessoas físicas manteve-se a tendência de desaceleração ou passou-se a observar estabilidade no crescimento, à exceção da carteira de financiamento de veículos, que mostra aceleração. Para as pessoas jurídicas, continuou a desaceleração do crédito bancário. O mercado doméstico de dívida corporativa continua ganhando representatividade como fonte relevante de financiamento, principalmente para as grandes empresas”, destacou o BC.

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De acordo com o documento, o apetite ao risco dos bancos no crédito às famílias e às empresas, que vinha se reduzindo, passou a apresentar sinais de estabilidade. Para pessoas físicas, a ata destaca a estabilização das concessões em algumas modalidades mais arriscadas, como cartão de crédito e crédito não-consignado. “Os critérios de concessão foram mantidos, após período de melhora na qualidade”, completa o Comef. O BC chama atenção ainda para os níveis historicamente elevados do endividamento e do comprometimento de renda das famílias, embora a tendência seja de redução.

Já no crédito para pessoas jurídicas, o Comef avalia que o ritmo de crescimento do crédito também segue desacelerando, mas sem alteração relevante nos critérios de concessão. “Os resultados de pesquisas junto às instituições financeiras apontam melhores condições de oferta e demanda de crédito, tendo como um dos fatores a percepção de maior apetite ao risco em algumas linhas. O Comef avalia que é importante os intermediários financeiros continuarem preservando a qualidade das concessões”, orienta a ata.

Cartões

Após a entrada em vigor do teto de 100% de juros e encargos para a dívida do cartão de crédito no começo do ano, o colegiado reforçou que os instituidores dos arranjos de pagamento devem assegurar que seus mecanismos de governança e de gerenciamento de risco sejam implementados de forma adequada e efetiva.

“O Comitê vem acompanhando regularmente a evolução da indústria de cartões de crédito em seus diversos recortes, considerando, dentre outros aspectos, o estoque das carteiras, a concessão e a utilização de limites, e a materialização de risco vis-à-vis os perfis dos usuários e dos emissores. Tendo em vista a relevância dos arranjos de pagamento para a economia, o Comef entende que os seus participantes – instituidores, emissores, credenciadores e subcredenciadores – devem dispor de mecanismos de governança e de gestão de riscos aptos a preservar a estabilidade e o funcionamento seguro e eficiente desses arranjos”, completa o documento.

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