Com o retorno das crianças e adolescentes às salas de aula, um assunto chama a atenção de médicos e especialistas da saúde: como o excesso de peso das mochilas pode acarretar problemas sérios nos jovens. Ao RDtv, o cirurgião de ombro e cotovelo e membro da SBCOC (Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo), Gustavo Barboza, relata sobre a importância da preocupação de pais, e da própria escola, com a postura das crianças para reduzir o impacto a curto e longo prazo.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 85% das dores musculares em crianças são causadas pelo uso inadequado de mochilas, por vez pelo tamanho incorreto e, principalmente, pelo excesso de peso. “O tamanho da mochila deve ser proporcional a estatura da criança, seja pela largura das alças e também pelo tamanho da mochila nas costas, que deve ficar um centímetro abaixo da cintura”, explica Barboza.
O cirurgião conta que, atualmente, existe um padrão para selecionar a mochila ideal para os jovens, e que os pais devem se atentar na hora da compra. Segundo ele, mochilas que possuem uma alça mais larga e acochada são excelentes para diminuir a pressão dos ombros e proporcionar conforto para quem carrega.
É comum que as escolas ofereçam aos pais toda a programação de matérias que ocorrem ao longo da semana. E, diante disso, explicita que é importante que os pais deem atenção para o que de fato a criança precisa levar para escola.
“Muitos pais, assim como eu, ficam seduzidos quando veem um mochila com vários acessórios e itens a mais, e aí que está o perigo”, alerta o médico. Segundo ele, é importante que além de comprar uma mochila leve, os pais saibam o que de fato os seus filhos precisam levar para a aula, evitando o excesso de peso.
Na visão do profissional, o uso incorreto das mochilas pode acarretar uma série de prejuízos à postura dos jovens. “A curto prazo pode provocar dores que chegam a ser intensas”, salienta. Já a médio e longo prazo, as crianças podem sentir mudança na postura e no caminhar, eventualmente com ações que levem à alteração ventilatória e dificuldade ao respirar.
Além da atenção dos pais, o especialista reforça a participação direta das escolas na conscientização do assunto. “Acredito que a conscientização deve ser mútua, tanto para os pais quanto para a escola. Existe a necessidade de uma campanha para que ambos entendam que não deve ser necessário as crianças levarem tanto material escolar, que no fim das contas, prejudica e acarreta riscos graves de saúde”, afirma o médico.