Golpe em caixa eletrônico fica mais sofisticado e faz vítima em Santo André

Caixa eletrônico em Santo André, onde ocorreu o golpe. Tarja vertical ao lado ostenta um número falso de suporte ao cliente. Família perdeu R$ 1 mil e banco diz que não vai ressarcir. (Foto: Reprodução)

Dia 1º de dezembro, o morador de Santo André Cláudio Soares e a espos, foram vítimas de quadrilha que altera o funcionamento de caixas eletrônicos e, ainda divulga, nos equipamentos falso telefone de assistência ao cliente. O prejuízo de R$ 1 mil para Soares, que tenta ressarcimento pelo Banco 24Horas. O dinheiro seria da tia da vítima, uma idosa de 83 anos. Boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia Eletrônica e é investigado pelo 3° Distrito Policial de Santo André. Apesar da comunicação de crime, o banco nega a fraude e não vai ressarcir o cliente, que terá de ir à Justiça para recuperar o dinheiro.

Na data, o casal foi até o caixa do Banco 24Horas, no Carrefour da avenida Giovani Batista Pirelli, na Vila Homero Thon, para sacar o dinheiro do benefício da idosa. Após efetuar a solicitação no terminal do banco, a mensagem na tela dizia para que o cliente pegasse as cédulas na parte inferior do equipamento, porém o compartimento se abriu sem nenhuma nota e permaneceu aberto. Soares então ligou no número de telefone informado na máquina, na expectativa de atendido por um suporte do banco, mas era golpe.

Newsletter RD

Soares conta que “o atendente” disse que o caso seria resolvido em 24 horas, e começou a pedir dados, como CPF e número da conta. “E quando pediu a senha eu saquei que era um golpe e desliguei. Mesmo assim eles passaram a me mandar mensagens pelo Whatsapp insistindo nos dados. Pela internet peguei o número verdadeiro do banco e fiz a reclamação”, afirma.

O casal fez imagens do equipamento travado na mesma mensagem e ficou no local ainda algum tempo, mas como nada acontecia foi embora, mas logo retornou, quando viu que a máquina já estava pronta para uso novamente. “Fomos até o estacionamento, chegando no carro me deu um estalo de voltar lá e falar com algum funcionário do mercado, quando voltei a máquina estava destravada, fui checar e tinham sacado os R$ 1 mil. Ou seja, eles fazem alguma coisa na máquina, o cliente vai embora e eles terminam a operação levando o dinheiro. Ainda colocam um número falso de suporte para tentar fazer outro golpe, pegar os dados dos clientes. Mas como tudo isso acontece num lugar cheio de câmeras, inclusive a do próprio equipamento?”, indaga Soares.

Por aplicativo de mensagens o Banco 24Horas informou para Soares que não identificou erros na transação. De volta ao supermercado, Soares disse que conversou com a gerência do local, que disse que disponibilizaria as imagens das câmeras caso a polícia solicite.

Polícia Civil investiga

O RD solicitou entrevista com delegado especializado em crimes contra o sistema financeiro, mas a Secretaria de Segurança Pública (SSP) não disponibilizou fonte para comentar o caso. Em nota, a pasta estadual diz que investiga o caso. “A autoridade policial realiza diligências para o esclarecimento dos fatos. A Polícia Civil desempenha um papel importante na prevenção e combate aos golpes de estelionato, incluindo os cometidos por meio virtual. Todas as delegacias são capacitadas para investigar os casos, rastrear os golpistas e identificar suas operações. Além das unidades territoriais, São Paulo conta ainda com duas especializadas neste tipo de crime – a Divisão de Crimes Cibernéticos e a 2ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Estelionatos e Crimes Contra a Fé Pública, ambas do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais)”, diz a nota.

A SSP diz ainda que é imprescindível o registro do boletim de ocorrência. “Além disso, é importante que as vítimas representem, criminalmente, um requisito essencial para prosseguimento das investigações, conforme estabelecido pela Lei 13.964/19, em vigor desde 23/01/2020. Esta condição processual e procedimental enfatiza a importância da participação ativa da vítima no processo legal, garantindo que as investigações sejam conduzidas de acordo com a legislação vigente. A representação pode ser realizada em qualquer distrito policial do Estado, independente da área onde o fato ocorreu”, completa a nota.

Banco 24Horas nega

O Banco 24Horas disse, também em nota, que não identificou a fraude, apesar das provas juntadas pela vítima. “A empresa informa que o número da central de atendimento é o 0800 024024 0 e que identificou o relato da cliente mencionada, realizado em 2/12. Porém, não foi constatada violação no caixa eletrônico. O Banco 24Horas reforça a importância do usuário entrar em contato por meio do número oficial para garantir assistência imediata e confiável. Os canais de atendimento são amplamente divulgados em mídias, assim como práticas seguras para a realização de transações. Além disso, lembra a todos para não aceitar ajuda de estranhos durante esse processo”.

Soares já previa a posição do banco e disse que vai aguardar o resultado do inquérito policial para depois procurar a Justiça para recuperar o dinheiro. “Vou procurar o Tribunal de Pequenas Causas para recuperar o dinheiro, isso não vai ficar perdido não, demora mas volta com juros. É uma vergonha isso, num lugar cheio de câmeras e o banco diz que não aconteceu nada, a polícia vai pegar as imagens e eu vou provar e recuperar tudo”, completou a vítima indignada pelo posicionamento do banco.

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