Investimentos em novas edificações inteligentes, com luz solar e uso de águas pluviais, seriam um bom começo para o desenvolvimento urbano sustentável da Santo André do futuro na visão de Luiz Augusto Moreti, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC. Como se consegue isso em uma cidade estruturada em outros conceitos? “Tudo é planejamento”, responde o engenheiro, que avalia essa ação como fundamental para o aproveitamento do que a cidade já tem em seu favor.
Para Moreti, a sustentabilidade é um conceito que ganhou status mundial de solução para a vida hoje e sempre. O dirigente observa mudanças significativas no cotidiano de Santo André, que precisam de soluções melhores, como o fluxo de deslocamentos de pessoas da cidade para o trabalho, influenciado pelo home office pandêmico, agora em modo híbrido, e pela demanda por coworkers como alternativa a quem não tem em casa um espaço adequado para trabalhar. Uma situação que por si só diminui a necessidade do carro próprio se aliada a um transporte público integrado, com melhorias para o trânsito e qualidade de vida.
O engenheiro afirma que a acessibilidade é algo por demais importante para as cidades do futuro, pois sem ela não há sustentabilidade. Nesse contexto, considera o retrofit fundamental na adaptação de edifícios mais antigos como os localizados no centro da cidade, com uma quantidade maior de apartamentos e sem garagem. “Seria muito bom se pudéssemos derrubar as antigas edificações e construir novas, mas isso é inviável. Podemos espelhar a nossa situação com o que aconteceu na Europa, onde os prédios sequer tinham elevador e foi preciso adequar espaços mediante a diminuição de cômodos de apartamentos para isso”, explica.
Quanto ao desenvolvimento urbano outra questão preocupa: como as novas construções podem evitar problemas de drenagem, antigos na cidade. Com mentalidade sustentável desde o início do projeto, responde Moreti, cuja premissa se assenta na ideia de que tudo que é destruído tem de se reconstruir ou repor.
Sobre a impermeabilidade do solo, o engenheiro destaca que muitos prédios são ajardinados, mas a primeira coisa feita na obra são três subsolos de garagem, o que considera uma forma equivocada de construir. “É mais simples impermeabilizar tudo e fazer jardins com 20 centímetros de terra, mas não é sustentável”, aponta. Em contrapartida, afirma, é possível fazer o certo com asfalto trabalhado e árvores plantadas no modelo de arborismo adequado para drenar a água, com o que profissionais que já trabalham no modo de construção sustentável conseguem fazer algo muito mais bonito.
“Falta planejamento em longo prazo e se não pensarmos agora não teremos sucesso no futuro, além disso a mentalidade sustentável é um modo de pensar em tudo que se vai fazer, é metade tecnologia e os outros 50% é uma mudança pessoal do ser humano”, finaliza.