
Depois das cinco CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) instaladas em câmaras municipais no ABC, agora é a Assembleia Legislativa que irá investigar a atuação da concessionária de energia, Enel, que é responsável pela distribuição de energia em 24 cidades do Estado. O pedido de instalação foi protocolado na sexta-feira (24/01) contendo a assinatura de 50 parlamentares e nesta terça-feira (28/01) a instalação da comissão foi publicada no Diário Oficial, resta estabelecer quando será a primeira reunião da CPI e a escolha de seus membros.
O autor do pedido, o deputado estadual Thiago Auricchio (PL), que é de São Caetano, disse que já vinha acompanhando os problemas que a concessionária de energia trazia ao ABC e toda a sua área de concessão, mas a gota d’água teria sido a dificuldade de instalação de um transformador para atender ao novo Hospital Veterinário Universitário Municipal de São Caetano, inaugurado no dia 18/03. O equipamento não tem ainda como funcionar em toda a sua capacidade por conta deste equipamento que compete à Enel instalar. O pedido foi feito em novembro e ainda não foi instalado. Tanto o deputado, quando o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) como o reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Leandro Prearo, falaram sobre a situação em seus discursos de inauguração. A Enel, informou em nota, que a instalação do transformador seria concluída na última semana.
Há anos a Enel é líder de reclamações nos canais de atendimento ao consumidor. Nos Procons municipais conseguiu o feito de superar as empresas de telecomunicação no número de reclamações, que envolvem cobrança abusiva, cortes sem justificativa e mau atendimento pelos canais de acesso ao usuário. “Desde que eu assumi o mandato, em março de 2019, brigamos com a concessionária de luz para que ela preste um serviço digno aos moradores das sete cidades e demais municípios do Estado que contam com o seu serviço. Mas, infelizmente, o que nós vemos é descaso e desrespeito. Algo que não iremos mais aceitar passivamente”, disse o deputado em nota.
“Só no ABC a Enel lidera a lista de reclamações por parte da população, é um exemplo claro de como o serviço tem sido pessimamente prestado por quem a gente esperava excelência. É lamentável. Nós queremos entender, de uma vez por todas, se a empresa possui condições de atender e prestar serviço de qualidade”, explica Thiago Auricchio.
Em sua solicitação, o parlamentar pede apuração de eventuais irregularidades e práticas abusivas cometidas pela empresa no fornecimento de energia elétrica na região metropolitana, em especial do período de 2018 a 2023. “Apontamos essas questões por entendermos o que a empresa faz ou fez para solucionar esses problemas, que não são de hoje. E as cobranças também não são. Esperamos que agora a ENEL possa prestar contas de sua atuação. Queremos e vamos lutar sempre pela excelência do serviço público. O cidadão não pode ser prejudicado”, afirma Thiago.
Das cinco câmaras municipais que instalaram investigações sobre a Enel entre 2021 e 2022, apenas a de Santo André apresentou seu relatório. O presidente da CPI andreense, Renato Barros Santiago Filho, o Renatinho do Conselho (Avante), peregrinou por Ministério Público, Tribunal de Contas e órgãos estaduais levando cópia do relatório. Ele considerou uma vitória a abertura da CPI na Alesp porque desde a conclusão dos trabalhos pregava que o Legislativo estadual teria maior poder de fiscalização. Na última semana Renatinho esteve na Assembleia e visitou oito gabinetes de deputados, entre eles o de Thiago Auricchio. Ele também esteve com Carla Morando (PSDB), de São Bernardo, e Atila Jacomussi (Solidariedade), de Mauá, dos quais obteve palavras de apoio. “Nosso relatório mostrou todas as negligências da Enel, os preços abusivos, o serviço de péssima qualidade. Somente eu e o meu gabinete, conseguimos resolver mais de 500 questões relacionadas à concessionária de energia. Hoje mesmo (28/03) foi mais um caso, o de um salão de eventos que fica a maior parte do tempo fechado. Lá pagavam R$ 200 em média de energia, e veio uma cobrança de R$ 3 mil; nós resolvemos junto a Enel. Então parabenizo os deputados porque o tema é de interesse público e o povo está cansado. Espero que a Assembleia Legislativa consiga fazer mais, porque está em um patamar mais elevado que a Câmara Municipal”, disse o vereador.
Além de Santo André, Diadema, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires instalaram comissões para investigar a distribuidora de energia.