Antes da pandemia da covid, 52 mil pessoas viviam em situação de extrema pobreza em Santo André. O número saltou para 70 mil durante a pandemia. Apenas na comunidade do Morro da Kibon, cerca de duas mil famílias vivem essa realidade. O local virou foco de pesquisa do Centro de Estudo de Saúde Coletiva (Cesco), ligado a Faculdade de Medicina ABC (FMABC), que vai levantar o impacto da pandemia nas comunidades.
O objeto de estudo são as famílias que vivem em situação de vulnerabilidade. As entrevistas serão realizadas, in loco, por 12 pesquisadores, com critérios como pobreza, fome, saúde e saneamento básico. Em entrevista ao RDtv, o coordenador científico e pesquisador do Cesco, Eduardo Rodrigues, descreve o estudo como uma análise social, antropológica e histórica do tema – que ainda é pouco abordado do ponto de vista do impacto nas comunidades.
Ao final de dois anos de pesquisa serão produzidos resultados que garantam a melhoria da vida da população não só do Morro da Kibon, mas demais comunidades brasileiras. “Queremos demonstrar que com políticas públicas corretas é possível mudar a vida das pessoas que vivem em comunidade durante futuras e possíveis pandemias”, diz Eduardo Rodrigues.
A primeira reunião presencial do grupo acontece no próximo dia 25 de março entre pesquisadores e representantes das instituições parceiras. Além do Cesco/FMABC, fazem parte da iniciativa a Secretaria de Saúde de Santo André, a Universidade Federal do ABC, a Universidade de Linköping da Suécia, a Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo, a Fundação Getúlio Vargas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Organização Não-Governamental “Coletivo Nasa”.
O projeto ainda prevê a criação de uma comissão municipal das ODS’s (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) no município, além da produção de publicações como cartilhas e livros que traduzem os resultados científicos. Também serão oferecidas formações para profissionais da saúde de Santo André que atuam com atenção básica, saúde da família e agentes comunitários.
Com o título ‘A Pandemia e o Pós-Pandemia da Covid-19 no alcance da Agenda 2030 em populações vulneráveis moradoras de núcleos de favela’, a pesquisa tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, governo federal.