O Centro de Estudos de Saúde Coletiva (CESCO), da Faculdade de Medicina do ABC, vai liderar um estudo nacional sobre o impacto da covid-19 nas favelas do Brasil. Ao RDtv desta quinta-feira (11/01), o pós-doutorando em Saúde Pública pela USP, coordenador científico e pesquisador do CESCO, Eduardo Rodrigues, explicou sobre a nova proposta que terá como base o estudo já realizado na região.
A ideia do novo projeto, que será financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e o Ministério da Saúde, é realizar pesquisas qualitativas, quantitativas, relacionais, educacionais (para profissionais de saúde) e históricas com base nos Determinantes Sociais de Saúde (DSS) e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU (Organização das Nações Unidas).
Serão três anos de estudos, sendo que a pesquisa de campo vai durar dois anos. Serão 12 favelas pesquisadas nos seguintes locais: Porto Alegre; São Paulo; ABC; Rio de Janeiro; Belo Horizonte; Goiânia; Fortaleza; Manaus; Belém; e Recife. No total serão 20 pesquisadores e os representantes institucionais das universidades participantes.
Além da Faculdade de Medicina do ABC, estarão no grupo: PUC/RJ; Universidade Federal do Amazonas; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; FIOCRUZ/RJ (Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde); Universidade Federal de Goiás; Universidade Federal de Pernambuco; e Faculdade de Saúde Pública da USP. E como parceiros interrnacionais estão: a Universidad Pontificia de Comillas da Espanha; Universidad Nacional da Colômbia; e a Universidade degli studi di Parma (Itália).

Eduardo Rodrigues será um dos coordenadores e pesquisadores, além de Silmara Conchão, presidente e pesquisadora do CESCO e professora da FMABC; juntamente com Marco Akerman, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisador responsável pelo novo estudo; além de Cecília Kayano, responsável pela coordenação administrativa
Objetivos
Entre os objetivos da pesquisa está o entendimento da realidade das pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade e o quanto elas foram atingidas pela pandemia do Covid-19. O estudo conta com base nos dados divulgados pelo próprio Censo, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apontou um crescimento populacional no Brasil de 6,5% em 12 anos, e nas favelas o crescimento foi de 40%, apontando um processo de “favelização”.
“Esse processo de favelização que vive o Brasil não existe por falta de riqueza. O Brasil não é um país pobre, não há uma falta de dinheiro, falta de alimento. De acordo com o novo Censo, temos 203 milhões de habitantes, metade da população brasileira passa por algum nível de fome. 33 milhões de pessoas passam fome crônica e antes da pandemia eram 19 milhões. E ao mesmo tempo, o Brasil produz 7 kg de comida por dia por habitante, considerando apenas grãos e carne bovina, ou seja, tem alimento mais do que o suficiente para alimentar toda a população”, aponta Rodrigues.