ABC - sexta-feira , 17 de maio de 2024

Corte radical de 4 árvores gera reclamação na Vila Assunção, em Santo André

Moradora acredita que o corte de árvores foi feito para beneficiar um novo empreendimento (Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

O corte radical de quatro árvores localizadas ao lado do Parque Antônio Flaquer, conhecido como Ipiranguinha, na rua Belém, bairro Vila Assunção, em Santo André, gerou irritação aos moradores locais, que defendem que não havia necessidade de uma poda tão radical, uma vez que as mesmas não causavam riscos para quem passava pela região.

Uma moradora do bairro, que preferiu não ser identificada, diz não entender o motivo da retirada, além de acreditar que a poda foi feita para beneficiar um novo empreendimento na região. “As quatro árvores eram bem antigas e estavam em ótimo estado. Um condomínio com apartamentos foi construído ali, mas ainda restam unidades para vender, e acredito que, para chamar atenção de quem vai ao parque, este foi o principal motivo para cortarem as quatro árvores”, reclama.

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A moradora segue indignada com a retirada das árvores e quer entender o porquê delas terem sido removidas. “Corte de árvore é crime ambiental, ainda mais de árvores que não atrapalhavam nada, são antigas e em perfeitas condições”, expõe.

Morte do ecossistema

Marta Marta Marcondes, bióloga, professora e coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), ressalta que num momento planetário em que vivemos, atualmente, não podemos nos dar ao luxo de perder nenhuma espécie vegetal que já esteja adaptada a uma determinada região. Explica que as árvores mais antigas possuem um ecossistema todo montado nesses organismos chamados árvores, como insetos, predadores de insetos, ninhos, abrigos para pequenos morcegos, além de microorganismos atrelados às próprias árvores.

Segundo a bióloga, a retirada de uma espécie mesmo não que seja nativa, por erro no processo de arborização, significa a morte de todo um ecossistema que tinha no local, como umidade, temperatura e sombra, essenciais à vida do ser humano. “Fico muito triste quando vejo a retirada de espécies vegetais, porque é como se falasse é só uma árvore, mas na verdade é todo um ecossistema que não existe compensação ambiental nas mesmas condições que estavam essas quatro árvores. É muito triste que hoje ainda se tenha, num momento tão crítico do nosso planeta, com tantas mudanças climáticas e surgimento de novas doenças, alguém que ainda se se dão ao luxo de cortar quatro árvores que se mantinham na região. Biologicamente, a gente perde quatro organismos essenciais para o local, o poder público precisa mudar de atitude e ver que os moradores estão protegendo e dando importância às árvores”, comenta.

Resposta Prefeitura

Procurada, a Prefeitura de Santo André informa que nos últimos dias não foi realizado qualquer manejo arbóreo na rua Belém, na Vila Assunção. A data mais recente de um serviço deste tipo foi realizado na segunda semana de setembro de 2022, de modo preventivo, a fim de evitar quaisquer danos à população, uma vez que houve a queda de duas árvores nas cercanias do Parque Antônio Flaquer no início do ano passado. “As árvores que foram suprimidas na época serão substituídas por espécies adequadas para o local”, afirma a Prefeitura sem especificar quando as novas árvores serão plantadas no local.

Construtora Jacy

Responsável pelo empreendimento Motiró, a Construtora Jacy informa que não solicitou a poda ou corte das árvores. Diz que no final de 2022, após uma rajada muito forte de vento, vários galhos de grande dimensão caíram e danificaram o gradil do condomínio. Colocaram em risco quem transitava no parque e os automóveis estacionados na rua. Conta que a Prefeitura encaminhou uma equipe de trabalho, que efetuou o corte das arvores, porque após vistoria julgou necessário o corte, pois as quatro árvores estavam comprometidas com o tronco totalmente oco e atacado por pragas.

Nota da redação – o RD esteve no local e verificou que o parque é rodeado por muitas árvores, grandes e antigas como as quatro que foram eliminadas na frente do empreendimento, mas nenhuma sofreu corte radical.

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