
Dificuldade de atendimentos na própria cidade, negativa de exames e atraso para cirurgias, essas são situações relatadas por servidores da prefeitura de Ribeirão Pires em relação ao convênio médico Pessoal Saúde. A empresa nega os problemas, mas o Sineduc (Sindicato dos Professores das Escolas Públicas Municipais) que é administrador da carteira de clientes que tem cerca de 4 mil servidores, admite que tem feito intervenções para resolver alguns problemas pontuais, mas também nega que esses problemas sejam uma rotina.
Os servidores relataram diversos problemas de atendimento do plano. Uma das principais é a falta de um pronto atendimento na própria cidade. “Quem passa mal aqui em Ribeirão ou vai para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento, que é pública, ou vai para a Santa Casa de Mauá e lá está sempre cheio”, disse Sandra Reis, servidora da área de educação e funcionária da prefeitura há 18 anos.
A mesma servidora disse que tem diabete e pressão alta e precisa fazer o acompanhamento, mas a quantidade de exames de sangue, segundo o seu relato, é controlada. “Se o médico pedir e eu tenho outro exame com menos de seis meses eles não aprovam. Aí a gente vai na UPA e encontra um monte de servidor por lá, gente que paga convênio usando o serviço público, conta a Sandra que tem 5% descontados do seu holerite para o pagamento do convênio e ainda paga por dependentes.
Outra funcionária pública que é da área da educação, que pediu para não ser identificada, diz que tudo que se pede para o convênio é muito demorado. “Esse convênio não é bom não. Estou com um pedido para fazer uma cirurgia de retirada de um mioma, que a clínica enviou em fevereiro, mas até agora o convênio não aprovou. Eu sinto muitas cólicas e o médico diz que só a cirurgia pode resolver, mas a gente fica meses esperando um retorno”, diz a profissional que informa que já reclamou também com o Sineduc que é administrador do plano. “O sindicato disse para que eu procurasse uma mulher que atende no paço para me ajudar, mas ela não conseguiu”, completa.
A professora e presidente do Sineduc, Perla Freitas, admite alguns problemas e diz que o sindicato tem interferido e conseguido solucionar a quase totalidade deles. “Para as pessoas que chegam para a gente e apresentam todas as informações sobre o problema a gente tem conseguido resolver 90% dos casos. A maioria é demora para a marcação de cirurgias. Sobre essa negativa de exames médicos eu não recebi nenhuma reclamação ainda, mas tem mesmo uma demora para exames mais complexos, cerca de 10 dias úteis para autorizar, mas isso está dentro das normas da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)”, diz.
O problema que traz mais queixas em relação ao convênio é falta de um pronto atendimento na cidade. Já que o município não dispõe de uma grande rede de hospitais particulares e a Pessoal Saúde também não implementou um atendimento próprio na cidade para urgências. “Não tem como ter um PA na cidade 24 horas. A gente viu isso na hora de contratar as operadoras, elas têm que ter um atendimento na região, mas implantar aqui fica muito caro e isso afasta qualquer proposta. Para internação também é a mesma coisa, hoje o nosso plano atende na Santa Casa de Mauá, que não é longe, e tem ainda o hospital da Plena Saúde, que fica em Mogi das Cruzes, que, de trem, não é tão longe assim”, explica.
Perla diz que o convênio tem coisas a melhorar, como por exemplo garantir algumas especialidades. “Quando contratamos tinha oftalmologia, por exemplo, que agora tiraram e a gente está brigando para voltar. A gente tem feito notificações extrajudiciais e também remetendo as reclamações para a ANS, além disso quando a informação não está clara para o paciente a gente tem interferido e os procedimentos estão mudando”, completa a presidente do sindicato.
Em nota, a prefeitura de Ribeirão Pires diz que, em caso de problemas, o servidor deve relatar isso à administração ou ao Sineduc para providências. “A Prefeitura de Ribeirão Pires esclarece que fiscaliza o serviço prestado pelo plano de saúde aos servidores conveniados, por meio do Sineduc. Medidas legais podem ser tomadas no caso de descumprimento das cláusulas estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde. A prefeitura recomenda que os servidores reportem problemas com atendimento ao Sineduc ou diretamente à administração”, diz o comunicado.
O que diz a Pessoal Saúde
O contrato com a Pessoal Saúde foi renovado em janeiro deste ano. A empresa nega os problemas.
Sobre os exames de sangue recusados, situação relatada por servidora ao RD, a empresa nega. “Não temos em nossos sistemas nenhuma recusa de exames acima, visto que todo nosso processo de autorização é feito por meio de APP/Portal da Pessoal Saúde ao qual o cliente não tem necessidade de autorização, sendo de livre escolha em qualquer prestador”. Sobre a ausência de leitos para internação na cidade a empresa diz que atende com leitos na mesma região. “Não temos em nossos registros nenhuma negativa de internação e a cobertura de internação e atendimento, é realizada de acordo com abrangência geografia e termos contratuais”, diz a Pessoal Saúde. Resposta parecida foi dada para os atendimentos emergenciais. “Os atendimentos são todos realizados dentro da área de abrangência do produto contratado e autorizado pela ANS”.
Sobre as dificuldades de uma forma geral a empresa diz que vai analisar e promete medidas. “Não temos conhecimento específico dessas questões. No entanto, estamos totalmente comprometidos em analisar as demandas apresentadas e elaborar um plano de ação para abordar quaisquer problemas que possam surgir. Estamos empenhados em garantir que todos os nossos beneficiários recebam o melhor atendimento possível e que suas preocupações sejam tratadas com a devida seriedade. Faremos uma análise minuciosa de todas as solicitações e tomaremos medidas proativas para resolver quaisquer questões identificadas”, diz nota do convênio médico.
Sobre a cobertura de especialidades a empresa de saúde relata que tem centro médico próprio em Mauá além da rede credenciada. “Estamos com um centro médico localizado na cidade de Mauá, com múltiplas especialidades totalmente dedicadas ao público da região, estamos investindo para melhor atender nossos beneficiários e clientes. Importante ressaltar que temos uma ampla rede credenciada, totalmente focada no ABC contando com clinicas, laboratórios, hospitais e exames, esta rede está disponível para consulta em nosso site, e para nossos clientes totalmente disponível em nosso APP, onde o cliente tem acesso a rede credenciado e agenda a consulta ou exame em local de escolha sem necessidade de autorização, temos também rede de atendimento 24 horas disponíveis para livre escolha do beneficiário no APP e nosso site que pode ser consultado, www.pessoalsaude.com.br “, conclui a empresa.
Para reclamações a Pessoal Saúde informou os canais de atendimento. Por telefone no número (11) 5069-0044 – 24H. Canais de Ouvidoria e SAC – Ouvidoria@pessoalsaude.com.br / sac@pessoalsaude.com.br. Atendimento pelo WhatsApp – 11 99373-7207, além do aplicativo.