Na manhã do último domingo (15/01), um jovem boliviano foi vítima de um acidente fatal no km 49 da Rodovia Índio Tibiriçá, na altura do Barro Branco, em Ribeirão Pires. O motivo do acidente ainda é desconhecido pelas autoridades, mas sabe-se que ocorrência se soma aos tantos desastres registrados em uma das vias mais perigosas do ABC. A solução para o problema, na visão de especialistas, seria uma melhora na sinalização, com instalação de radares e ações efetivas por parte do poder público.
Neste sábado (21/01), à noite, outro acidente ocorreu na rodovia Índio Tibiriçá. Um automóvel VW Gol capotou no km 46 da via, perto do trevo do Figueiras, em Ribeirão Pires. O veículo trafegava no sentido São Bernardo, na parte elevada, usada para fazer retorno, quando motorista, que não viu o desnível da pista, tentou mudar de faixa e, com isso, o carro caiu na parte baixa da pista. Felizmente não houve vítima fatal.
Marcos Alberto Bussab, gestor dos cursos de Engenharia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), analisa que um dos principais motivos para tantos acidentes se dá pelo tráfego intenso, que a Rodovia não comporta. “Os caminhões estão envolvidos em 16% dos acidentes com vítimas, e a Índio Tibiriçá é quase que a única opção, em pista única, a cortar regiões urbanas no ABC e região metropolitana, que atende não só os veículos de passeio, mas também os de carga”, explica.
Com o crescimento de rodovias pedagiadas no Estado, em especial, o Rodoanel Mário Covas, Bussab comenta que a Índio Tibiriçá transformou-se num ‘rodoanel alternativo’ sem pedágio, o que não era sua função precípua. “Tal condição fez com que aumentasse o tráfego de caminhões de grande porte que buscam fugir de cobrança e evitar a fiscalização de carga e do condutor”, diz. Como consequência, aumenta a quantidade de ultrapassagens perigosas, a velocidade dos veículos e, portanto, os acidentes.
Questionado pelo RD, o Detran-SP não informou quantos acidentes foram registrados na Rodovia Índio Tibiriçá entre os anos de 2021 e 2022.
Mais sinalização
Quem passa diariamente na Rodovia Índio Tibiriçá relata a sensação de insegurança em razão da falta de sinalização. A auxiliar de enfermagem, Tayná Nascimento Barbosa, acessa São Bernardo pela Rodovia em seis dias na semana, e conta que cada vez mais tem se preocupado com a irresponsabilidade dos motoristas na região. “Cada dia que passa sinto que as pessoas estão mais imprudentes, acelerando mais o carro e não tem quem fiscalize isso”, diz.
A moradora do bairro Bertoldo, em Ribeirão Pires, relata que antigamente a Rodovia tinha radares em alguns pontos, mas atualmente não há fiscalização. “Até uns três anos atrás tinha alguns pontos com câmeras pela Rodovia, mas agora tiraram todas as câmeras e com isso o pessoal abusa”, salienta.
Para o gestor da USCS, a sinalização é um ponto que requer melhora. “É preciso melhorar a sinalização, reduzir a velocidade máxima nos trechos de maior incidência de acidentes e instalar mais radares e lombadas eletrônicas, principalmente em rotatórias situadas em áreas urbanas”, diz. Conforme Bussab, também é necessário realizar estudos que indiquem se há trechos onde pode criar-se acostamentos e aumentar os já existentes, além de estabelecer horários onde os caminhões – que não seja utilitários de carga possam circular e limite da tara destes veículos.
Outras iniciativas, como ações educativas para quem mora em trechos urbanos próximos à Rodovia também são recomendações. “Mas é preciso lembrar que essas alternativas geram custos que podem ser reduzidos desde que haja concessão da administração e operação da rodovia à iniciativa privada, sem prejuízo das responsabilidades dos poderes públicos estaduais e municipais”, afirma.