NY e sinal de compromisso fiscal estimulam alta do Ibovespa

A indicação de abertura positiva em Wall Street, após perdas na véspera, estimula alta do Ibovespa nesta quinta-feira, 29, no último pregão de 2022. Além disso, sinais de moderação na política econômica do próximo governo como as indicadas pelo futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ontem, reforçam a elevação do índice Bovespa.

Outro estímulo de elevação do índice Bovespa advém do minério, que subiu 1,56% em Dalian, na China, diante de perspectivas de demanda, apesar do aumento de casos de covid-19. Se o ganho prosseguir até o encerramento, será a segunda seguida – ontem subiu 1,53%, aos 110.236,71 pontos – podendo terminar 2022 com valorização, após perdas de 11,93% em 2021. Porém, em dezembro periga terminar no negativo. Até o momento cai 1,67% no mês e sobe 5,52% neste ano.

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Como destaca, Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital, o volume financeiro pode ser ainda menor do que o visto ontem. “O investidor estrangeiro que tem ajudado neste mês, enquanto em relação ao local está meio difícil de fazer a leitura. Quem ganhou, ganhou”, avalia.

Alguma volatilidade não pode ser descartada ao longo do pregão, dada a agenda de poucas divulgações, a disputa pela formação da última Ptax do ano, a expectativa de liquidez baixa diante da proximidade das festas de fim de ano e em meio à espera do pronunciamento do presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deverá anunciar os nomes restantes de ministérios da nova gestão.

Ao todo, já foram confirmados 21 nomes da Esplanada e, nesta quinta-feira, 16 devem ser apresentados. Dentre os anunciados, possivelmente estarão os ocupantes do comando do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobras.

Ao mesmo tempo, o mercado monitora os sinais de que Haddad e sua equipe pretendem apresentar um novo arcabouço fiscal em dobradinha com um programa de avaliação e revisão de políticas públicas, entre elas renúncias, subsídios e incentivos fiscais, como informou ontem o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

“A fala do Haddad, ontem, de que quer conter o déficit fiscal no primeiro ano do governo ajudou e segue ajudando”, afirma o economista Álvaro Bandeira. A alta do índice Bovespa, contudo, não empolga, em dia de agenda fraca, estimativa de baixa liquidez, entre outros fatores técnicos, acrescenta. “Alguns investidores estão tentando proteger determinadas ações de menor liquidez, mas o que tinha de ser feito, já foi. Tem fechamento da ptax do dólar, liquidez baixa, é um dia complicado”, completa Bandeira.

Conforma a Terra Investimentos, “Haddad parece ter reconhecido os perigos de deixar sem resposta as preocupações do mercado sobre os indicadores fiscais.” “No entanto, suas respostas são, até o momento, muito vagas e evidenciam que o debate sobre políticas dentro do governo de transição não chegará maduro em janeiro”, completa em nota.

Internamente, a desaceleração do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) estimula queda dos juros futuros e valorização em ações ligadas ao consumo neste último pregão do ano. O indicador registrou alta de 0,45% em dezembro, após avanço de 0,56% em novembro, fechando o ano em 5,45%. resultado mensal ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava 0,58% para o indicador, com estimativas entre 0,25% e 0,99%.

A queda do petróleo no exterior é outro limitador da alta do Ibovespa. Porém, Candido diz que existe uma expectativa “razoavelmente positiva” do mercado em relação ao próximo governo. “A transição de governo é uma coisa, vamos ver como de fato será. O Haddad batendo de forma positiva em relação ao fiscal é algo positivo, mas não super positivo”, diz.

Às 11h15, o Ibovespa subia 0,25%, aos 110.515,39 pontos, após alta de 0,85%, na máxima aos 111.177,53 pontos.

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