Políticas para alavancar a economia devem ser colocadas em prática pelo novo governo, para conter a explosão de preços dos combustíveis. As chamadas commodities, itens de primeira necessidade, como petróleo, são negociadas no mercado internacional. O comentário é do professor Volney Gouveia, gestor adjunto da Escola de Gestão e Negócios da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), ao analisar a conjuntura econômica atual e fazer projeções para 2023. Segundo o Gouveia, o petróleo, comprado pelo Brasil e cotado em dólar, está escasso por série de fatores que impactam diretamente no seu preço final.
Para conter uma escalada desenfreada de valores, diz, será necessário criar mecanismos de controle. Entre os mais radicais, o tabelamento de preço, como era no passado e ainda muito utilizado no continente europeu e países de primeiro mundo. “Isso porque, o combustível controlado serve de balizador para outros preços e, para o desenvolvimento econômico, a tarifa energética deve ser baixa para não elevar custos de produção e distribuição”, afirma.
Para o professor, outros fatores externos, tais como a guerra Rússia/Ucrânia e pandemia de covid-19, contribuíram com a escalada dos preços, até por conta da escassez do insumo para produção de gasolina e diesel. Internamente, no território brasileiro, a eleição presidencial trouxe incertezas econômicas, e algumas ações tiveram de ser colocadas em prática para amenizar os impactos, com a adoção de uma política de preços de combustíveis, não atrelada a paridade econômica internacional e a redução de impostos federais e estaduais. De fato, o ano de 2022 foi turbulento com impactos significativos na economia.
Volney Gouveia não acredita em uma escalada de preços dos combustíveis nos próximos dias, isso porque, a bandeira do governo está atrelada à estratégia de fortalecer a cadeia de produção e geração de empregos. “Em linhas gerais, a elevação desenfreada é incompatível com o livre mercado”, diz o professor.
Na sua opinião, uma solução proposta para evitar que os preços sofram altas é a de reorganizar a produção, para atender a demanda interna sem a necessidade de importação, ou seja, aumentar a extração e o refino. “O novo governo está atento às movimentações e busca estratégias junto aos acionistas da Petrobras para adequação de demanda”, comenta.
Com o combustível controlado, diz, as perspectivas para 2023 são animadoras do ponto de vista econômico, já que, de forma gradual, empresas começam equalizar suas produções e o consumo passa a responder. Além disso, na visão do professor, o governo vai utilizar os bancos públicos para oferecer crédito mais barato e estimular a produção, desta forma, a roda da economia passa a girar com mais contundência.
Consórcio
Volney Gouveia mostra preocupação com a saída de São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires do Consórcio Intermunicipal do ABC, conforme nota enviada pelo colegiado de prefeitos na terça-feira (20/12). Com as relações institucionais abaladas, teme-se que a Agência de Desenvolvimento Econômico, braço do Consórcio, seja duramente impactada. “É temerária essa cisão do Consórcio. É preciso união para pensar a médio e longo prazos, afinal, as setes cidades são interligadas economicamente e, por isso, os prefeitos devem chegar a um denominador comum para o fortalecimento da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC”, analisa o professor da USCS.