ABC - segunda-feira , 20 de maio de 2024

Bruno Dantas sobre crédito extraordinário por MP: TCU tem inúmeros precedentes

O novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, foi questionado nesta sexta-feira, 16, sobre se a Corte de Contas daria “autorização” ao governo eleito para editar uma Medida Provisória com abertura de crédito extraordinário para manter o Bolsa Família em R$ 600 a partir do próximo ano, caso abandone o plano da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Em conversa com jornalistas, Dantas afirmou que o TCU não tem competência para “dar autorização a quem quer que seja”, mas frisou que o tribunal tem “inúmeros” precedentes de que é possível abrir crédito extra por MP.

Ele indicou que a Corte não necessariamente precisaria ser consultada pelo governo Lula sobre o tema. Questionado se já teria feito esse aviso, Dantas disse que ninguém ainda lhe provocou sobre o tema. “Ninguém me perguntou”, disse.

Newsletter RD

Como mostrou a reportagem na quinta-feira, setores do PT já começam a se dar por vencidos e descartar a PEC da transição. O desânimo se deve às dificuldades em atender as demandas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que ficou ainda mais insatisfeito na quinta após o voto da presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, declarando a total inconstitucionalidade do orçamento secreto.

“Essa decisão é eminentemente política. E não temos preferência. Se vai se PEC, Lei, MP”, respondeu Dantas. “O TCU tem inúmeros precedentes, em que o TCU disse que pode abrir crédito extraordinário por MP”, respondeu Dantas.

O presidente da Corte destacou o julgamento realizado na semana passada pelo tribunal, quando analisou uma consulta feita pelo governo Bolsonaro sobre a possibilidade de se editar medida provisória para abrir crédito extra ainda neste ano. O governo apontou a necessidade de aumentar as despesas obrigatórias da União em R$ 22,3 bilhões em 2022, dos quais R$ 13,7 bilhões representariam a falta de recursos para pagar aposentadorias e pensões da Previdência Social.

Uma semana depois, Bolsonaro editou a MP, mas com um montante de R$ 7,5 bilhões, em crédito extraordinário para a Previdência Social. Dantas ressaltou essa redução de valor ao mencionar o caso. “Alguém consegue imaginar porque não foram 23 bilhões?”, levantou o ministro. Na sessão, os ministros do TCU responderam à consulta do governo de forma mais genérica, mas ressaltando que o crédito extra poderia ser usado “desde que” preenchidos os requisitos constitucionais.

“Era imprevisto ou imprevisível? Se fossemos literais, diríamos que é imprevisto. O ministro Benjamin disse que tem dado de realidade (…) Se o tribunal falar que não pode de jeito nenhum, não haverá, e se não tiver, aposentados não receberão benefício”, exemplificou Dantas. “Reduzir o Bolsa de R$ 600 para 400 é algo previsível? Vocês concluam”, disse. “É óbvio que a vida apresenta situações variadas em momentos diferentes. Não precisa ter respondido pergunta exatamente sobre Bolsa Família”, respondeu ainda o ministro ao ser questionado se havia precedente específico da Corte sobre abertura de crédito extra por MP para pagamento do programa social.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes