
Quem trabalha com doces e bolos ao longo do ano enxerga o Natal como maior oportunidade de ganhos e a produção de panetones artesanais, trufados ou recheados é crescente enquanto opção para fugir dos tradicionais panetone de frutas ou com gotas de chocolate do supermercado. Os artesanais ou gourmet oferecem mais opções de sabores e recheios e quem produz já está com a mão na massa.
Segundo as culinaristas ouvidas pelo RD, nos dois anos de pandemia as vendas superaram as expectativas. Os clientes em casa valorizaram mais as refeições em família e ainda usaram o delivery para presentear com panetone. Mas neste ano, com o arrefecimento da pandemia e todos os setores da economia abertos, há receio de que este setor não cresça tanto, porém as culinaristas têm apostado.
Para Sheilla Vences, de 28 anos, culinarista que começou a produzir doces em casa há cinco anos, em Diadema, a pandemia trouxe oportunidades. “Enxerguei a oportunidade para me ver mais como uma empresa”, diz a microempreendedora que trabalha sozinha. Sheilla estipula metas e investe em divulgação da marca com fotos e na fidelização de clientes. “Tenho alguns que compram de mim desde quando comecei, isso é muito satisfatório”, diz.
Com cautela e ao mesmo tempo arrojo, Sheilla tem meta de dobrar as vendas em relação ao ano passado, porém, para evitar riscos, já investiu o equivalente em menos metade em insumos. “Para ter retorno tem de investir, por isso fecho os prazos de encomendas, invisto no tráfego pago na internet, em campanhas e anúncios, porém o mais importante é o investimento em produtos de qualidade”, afirma a empreendedora que espera vender entre 50% e 60% mais que no ano passado. Os preços da tabela de Sheilla competem com de panetones de supermercado. Um panetone com chocolate belga trufado de 500 gramas custa R$ 70, só que com o recheio chega perto de 1 quilo.
Quanto começou, Sheilla trabalhava em empresa, mas fazia cursos e culinária, porque sempre gostou da área. Demitida, viu que era a hora de correr atrás do sonho. “Peguei minha rescisão e investi nas coisas da minha cozinha. Depois disso ainda trabalhei em empresa conciliando as duas coisas, até que quando o meu faturamento superou os R$ 3 mil e que dava para me sustentar, saí da empresa”. Para Sheilla, é preciso muito estudo e dedicação na área. “Neste ano até me convidaram para expor em feira que vai acontecer na Expo São Paulo”, diz Sheilla, que aposta muito na Páscoa e no Natal. “O Natal sustenta janeiro e fevereiro que são meses mais parados”, afirma. As encomendas estão a todo vapor e podem ser feitas pelo Instagram (sheillavences) ou WhatsApp 9.6113-5077.

Recheados e trufados
Com experiência em aulas de confeitaria, Debora Corazzari, de São Bernardo, possui confeitaria com a filha Bruna. A expectativa é a de que as vendas repitam o bom desempenho dos últimos dois anos. Diz que outras sobremesas também vendem bem no fim do ano, mas nada comparado com panetones. “O panetone é top de vendas e sempre vendemos bem os recheados e trufados”, diz. Em 2020 teve explosão de vendas com os clientes em casa, mas podiam presentear; em 2021 o movimento se repetiu. “Eu vejo que as pessoas adquiriram o hábito de mandar presentes e percebo uma ascensão de vendas pra mim”, analisa.
Há 30 anos com realização de cursos, Debora recomenda os alunos sempre buscarem alternativas de sabores e estudarem o público alvo para ver qual o produto e faixa de preço terão melhor aceitação. “Oriento a buscarem alternativas de sabores, o chocolate, por exemplo, pode ser encontrado de R$ 23 a R$ 150, o que não quer dizer que a qualidade é melhor ou ruim, é só um tipo de produto diferente. Eu preciso entender quem é meu cliente, qual a faixa de preço que ele pode pagar. O importante é desenvolver a técnica e saber executar bons produtos com preços menores. É possível também investir e embalagens mais baratas e assim oferecer produto de qualidade”, diz.
Novas tendências
Estar antenado com as novidades e adaptar ao produto pode ajudar nas vendas. Com a regra, Debora aposta este ano em sabores, como Romeu e Julieta (queijo e goiabada), o Bem Casado e o Red Velvet, com frutas vermelhas, além do panetone salgado. “Nós temos a facilidade de criar produtos diferentes, que não são encontrados no mercado. O panetone é um hábito do brasileiro e ele não passa sem, do mais elaborado ao mais simples, dá para ter sim”, diz Debora, que atende pelos telefones 9.8143-8412 e 9.9943-1209. Mais informações em www.deboracorazzari.com.br e no Facebook.
Vanessa da Silva de Oliveira Conti é outra empreendedora que trabalha em casa, em Santo André, e há quatro anos faz panetones para vender. Entre todos os itens que produz no fim de ano, 80% são panetones. Conta que a diferença é grande quanto à qualidade e variedade de sabores, mas o preço não é tão diferente se comparado com os vendidos em supermercado. “A diferença de preço para o industrializado é pouca, é que o nosso recheado é mais gourmet e no supermercado não tem a variedade de sabores que eu tenho. O meu de 500 gramas básico custa R$ 29 e um de marca famosa sai perto de R$ 23”, afirma.
Em 2021 Vanessa vendeu aproximadamente 50 quilos de panetone e espera esse ano repetir, porém ainda não sentiu alta na procura. Apesar disso, já começou a produção. “Eu começava a trabalhar com panetone em meados de outubro, neste ano comecei em agosto. Eu gostaria de chegar ao mesmo patamar de vendas do ano passado, essa é minha meta, tanto que já comprei matéria-prima suficiente para isso”, conta.

Vanessa diz que durante a pandemia as vendas foram tão boas que precisou recorrer também a aplicativos de entrega de alimentos. Ex-proprietária de casa de bolos, não pensa em abrir ponto comercial. “Para isso eu precisaria ter mais estabilidade, porque um ponto envolve custos fixos adicionais, porém se eu pudesse, abriria um ateliê, para separar casa e trabalho”, explica.
De acordo com a Vanessa 20% das suas vendas são dos panetones tradicionais, feitos com massa própria, mas os top de vendas são os recheados, entregues em embalagens especiais, fruto de parceria com uma microempreendedora que atua na área.
Vanessa aposta, ainda, em acessórios para a ceia natalina, como bolas de Natal transparentes que podem ser recheadas com bolachinhas. Outra aposta vem nos panetones recheados com Nutella, brigadeiro, leite em pó e Ferrero Rochê. As novidades como limão siciliano e Frutas Vermelhas são outras apostas para este ano. “Os panetones de chocolate, porém, são os que vendem mais”, diz a empreendedora que aceita encomendas pelo aplicativo de mensagens whatsapp (9.6899-7316). Mais informações no Instagram (@van.5154).