
O julgamento dos cinco acusados da morte da família Gonçalves, triplo homicídio ocorrido em 27 de janeiro de 2020, vai ser desmembrado. Nesta segunda-feira (13/06) os cinco réus seriam julgados, mas um recurso da defesa da acusada Anaflavia Meneses Gonçaves, fez com que o juiz Lucas Tambor Bueno, da Vara do Júri do Fórum de Santo André, determinasse, nesta sexta-feira (10/06), o desmembramento. Com isso o júri da acusada foi determinado para acontecer no dia 19 de setembro.
No dia 28 de janeiro de 2020, manhã do dia seguinte ao crime, os corpos de Flaviana de Meneses Gonçalves, de 40 anos, do seu marido Romoyuki Veras Gonçalves, de 43, e do filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves, de apenas 15 anos, foram encontrados carbonizados no carro da família, um Jeep Compass, incendiado na Estrada do Montanhão em São Bernardo. A polícia concluiu que as vítimas foram mortas por golpes na cabeça e em outro local, na casa da família, em um condomínio de casas que fica em Santo André. Durante as investigações, a polícia apurou que a filha mais velha das vítimas, Anaflavia Martins Meneses Gonçalves, sua companheira na época, Carina Ramos de Abreu, os primos de Carina, Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos e ainda o amigo deles, Guilherme Ramos da Silva, teriam cometido o crime para roubar R$ 85 mil que estariam no cofre da casa, dinheiro que não foi encontrado. Os cinco réus foram denunciados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e roubo.
Com o desmembramento serão julgados nesta segunda-feira (13/06) somente Carina, os primos Juliano e Jonathan, e Guilherme Ramos da Silva. A decisão foi tomada porque Anaflavia constituiu outro advogado, Leonardo José Gomes, que pediu tempo para analisar o processo. “…considerando que o digno defensor foi constituído às vésperas da sessão plenária, fato que realmente poderia dificultar o amplo exercício do direito de defesa, para que se evite eventual arguição de cerceamento, acolho em parte o pedido e determino o desmembramento do feito em relação à ré Anaflavia. Desde já, designo o dia 19/09/2022, às 10:00 horas, para que a ré seja submetida a julgamento pelo Tribunal do Júri”, determinou o juiz. Gomes, no entanto não é novo no processo, já que representa também a defesa de Guilherme Ramos da Silva.
Avo chama acusados de monstros e diz que estará presente nos dois julgamentos

Monstros; assim definiu Vera Lúcia Chagas Conceição, mãe da vítima Flaviana, sobre os cinco acusados. “Eles são monstros, a Anaflávia matou a mãe, o pai e o irmão. Ela levou os quatro para dentro da casa dos pais, os cinco para mim são monstros, os cinco tem que pagar eu clamo a Deus por justiça”. Ela esperava ver todos cinco acusados sendo julgados no Fórum de Santo André, na segunda-feira (13/06), foi chegando ao escritório do seu advogado, Epaminondas Gomes de Farias, que ficou sabendo do desmembramento. “No começo fiquei muito abalada, mas agora já estou mais conformada com isso”, disse a mãe que pretende estar presente nas duas sessões do júri e quer encarar todos os acusados. “Estou pedindo muito a Deus e ele está me segurando, me dando forças. Eu me preparei para o dia 13 de junho, já são dois anos e quatro meses de espera e vou me preparar para setembro também. É uma outra preparação”, disse.
Dona Vera sofreu perdas múltiplas com o crime ocorrido no dia 27 de janeiro de 2020. Além de perder a filha, o genro e o neto, em janeiro deste ano, um mês antes da primeira dada designada para o julgamento, outro filho eu, Flávio Menezes cometeu suicídio na cidade de Extrema (MG) onde morava. A família contou que ele estava muito deprimido desde a morte da irmã Flaviana. Vera comentou também a morte do filho em entrevista ao RD e disse que a principal culpada é Anaflavia, a quem não considera mais neta. “Meu filho não aguentou a depressão e tirou a vida. Eu enterrei cinco da minha família, ela (Anaflavia) para mim é uma morta-viva”.

Para o advogado da família, Epaminondas de Farias, o desmembramento não causa surpresa. “O Ministério Público não tinha outra opção a não ser concordar com o pedido para evitar qualquer nulidade. É um processo muito complexo, com mais de 4 mil laudas e queremos que a defesa seja prestigiada para evitar eventuais nulidades no processo. O que nos incomoda é a dor da dona Vera que a cada situação como essa ela é convidada a revisitar tudo isso”, comenta. O júri de segunda-feira (13/06) é o segundo marcado, a primeira data foi 21 de fevereiro, quando uma testemunha não foi localizada e o julgamento que já contava com a presença dos acusados e seus defensores no fórum, acabou adiado para junho.