No final de 2015 as sete cidades do ABC viram os seus respectivos Planos Municipais de Educação virar tema de “guerra política” por causa da palavra diversidade. A maioria dos legislativos votou pela inclusão do tema, exceto Ribeirão Pires. Para o doutor em Educação e professor do curso de Pedagogia em Educação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Rodnei Pereira, tal cenário criou um silenciamento do assunto e a falta do combate ao racismo e a lgbtfobia.
“Quando falamos da importância do debate sobre a diversidade na Educação, não estamos falando somente do combate aos preconceitos, mas também de ensinar para as novas gerações a serem antirracistas, antilgbtfóbica, assim fazendo uma sociedade mais plural, uma sociedade inclusiva, uma sociedade que acolhe as múltiplas possibilidades de você ser quem você é nesse mundo”, explicou o professor doutor.
Um dos principais pontos que tomaram conta dos debates há seis anos foi a possibilidade do ensino da ideologia de gênero, expressão que apareceu pela primeira vez no mundo em 1998, na Conferência Episcopal do Peru. Aqueles que são contra essa questão temem que as escolas queiram passar conceitos que vão contra ao que se considera como “conceito de família”.
Na época dos debates, o tema e nem a expressão constavam nos planos, porém, os grupos conservadores consideraram que seria aberta uma brecha para isso, principalmente se levado em conta os municípios que eram controlados por gestões ligadas a partidos de esquerda.
“É um absurdo, por exemplo, o Plano Municipal de Educação, aquela guerra que aconteceu nas câmaras. Só o município de Ribeirão Pires conseguiu manter no seu Plano Municipal de Educação a questão de diversidade dentro das escolas. Isso é um absurdo, sendo que neste caso de Ribeirão Pires só foi aprovado, pois trocaram o nome, ou seja, ficou provado que parte dos vereadores de Ribeirão Pires não tinham a mínima ideia do significava a palavra”, disse ao RDtv o presidente do Grupo de Apoio à Diversidade (GAD) Ribeirão Pires, Wagner Lima.
Segundo o dicionário, diversidade é “a qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado; variedade. Conjunto variado; multiplicidade”. Tal situação pode ser ligada tanto a gênero, quanto a questão racial, religiosa, política, esportiva e outras tantas. Para o especialista consultado pela reportagem, isso pode aumentar os problemas de preconceito vividos na sociedade.
“O silenciamento de uma forma geral não apenas prejudica a formação das novas gerações que poderiam aprender a respeitar a diversidade, de reconhecer a diversidade, mas também de prevenir a violência que acho que é um dos grandes problemas que a falta de discussão sobre o que o tema traz”, diz Rodnei.
O professor doutor da USCS também relata que o problema é visto nas salas de aulas dos cursos de Licenciatura e Pedagogia, principalmente quando se fala sobre as questões de gênero e diversidade sexual. Outro ponto que gera outros problemas críticos é ainda a não inclusão completa na carga horária de matérias sobre a Cultura Afro e Indígena, algo que apesar de ser exigido em lei, segundo Rodnei, não é ainda comum da grade curricular dos futuros educadores.