ABC - quinta-feira , 6 de junho de 2024

Mais de 2,7 mil bebês nasceram no ABC na pandemia e 6 testaram positivo para covid-19

Equipe médica de São Caetano com a pequena Maria Clara que recebeu alta após 63 dias de UTI, período em que os pais testaram positivo para a covid-19. (Foto: Divulgação)

Durante a pandemia da covid-19 as unidades de saúde públicas ou privadas priorizaram protocolos de atendimento para os casos confirmados ou suspeitos da doença, mas todas as outras situações que precisam intervenção médica continuam normalmente. O fato é que a população tem evitado ir ao médico, exceto em situações inevitáveis e o parto é uma delas. Desde o dia 23 de março, quando foi decretada a quarentena no Estado, nasceram no ABC mais de 2,7 mil bebês, sendo que seis deles, ou 0,22%, foram contaminados com o vírus.

Os hospitais da região adotaram protocolos específicos para covid-19 também para parturientes, puérperas e recém-nascidos, como salas de pré-parto, de parto e leitos de enfermaria separados, porém apenas os casos suspeitos, em que a mãe tenha algum sintoma como os da gripe, é que são testados. Somente Ribeirão Pires submete todas as parturientes ao teste rápido na internação.

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O maior número de bebês nascidos durante a pandemia está em São Bernardo, onde nasceram 887 bebês no período. Segundo a Prefeitura, foram adotados desde o anúncio da doença protocolos diferenciados no HMU (Hospital Municipal Universitário). São eles: salas de espera para exames, de consultório, quarto durante a internação e pré-parto, todos separados do restante de atendimento do hospital. “Outro protocolo foi a redução do número de acompanhantes e horário de visita para todas as pacientes e restrição de visitas para pacientes com síndrome gripal, bem como a identificação de pacientes sintomáticas e suspeitas na chegada antes mesmo do atendimento médico”, informa em nota. “As pacientes com resultado positivo são isoladas das demais durante toda internação, e após estabilização clínica e puerperal e alta médica, são acompanhadas por telemedicina com contato telefônico”. Na cidade, três puérperas e um recém-nascido testaram positivo para o novo coronavírus.

Em número de bebês nascidos durante a pandemia, Santo André vem em segundo lugar com 854 partos. A cidade disponibilizou no Hospital da Mulher três leitos para casos da covid-19. Segundo a Prefeitura, esses leitos foram colocados no setor de Patologia Obstétrica, unidade para receber os pacientes com quadro suspeito ou confirmado. Além dos quartos destinados para covid-19 na unidade de internação, há outros quatro leitos de UTI adulto, um de isolamento privativo. Para assistência ao recém-nascido de mãe sintomática foi criada uma estrutura de UTI neonatal na unidade canguru, com assistência ao bebê em unidade exclusiva para atendimento covid-19. Desde março foram notificados quatro casos positivos para Covid-19 de bebês nascidos no período, relata a nota. O Hospital da Mulher não proibiu a permanência de acompanhante durante a internação, desde não tenha sintomas de gripe.

Diadema é a terceira cidade em nascimentos de bebês durante a quarentena. Apenas os partos ocorridos nos meses de março e abril, foram 454 nascimentos, 150 no Hospital Público Municipal e 304 no Hospital Estadual Serraria. Como o mês de maio inteiro não foi computado, o número de crianças nascidas pode ser muito maior, já que, em média 450 nascem por mês no município. A Prefeitura também informa que apenas um parto aconteceu com caso de covid-19 confirmado, mas não detalha se mãe e filho testaram positivo, ou se apenas a genitora. “Pacientes com suspeita e diagnóstico de covid-19 ficam em uma sala preparada para pré-parto e sala de parto com protocolo para covid-19. Existe uma enfermaria para essas mães no pós-parto. Reduzimos o período de visita e está restrita ao marido ou uma outra pessoa de preferência da puérpera. Para as pacientes com covid-19 não está permitida a visita”, informa.

Teste rápido

Em Ribeirão Pires, de 23 de março até 5 de junho, foram 260 partos realizados no Hospital e Maternidade São Lucas, que adotou protocolos para a covid-19, como a redução da visita de uma para meia hora. Segundo a Prefeitura, nenhum caso positivo foi registrado entre mães ou bebês até o dia 5. A cidade é a única onde toda paciente que tenha indicação de internação na unidade realiza teste rápido já na entrada do hospital.

Entre março e o dia 6 de junho nasceram 170 crianças no Hospital e Maternidade Municipal Euryclides Zerbini, em São Caetano. A unidade teve mudanças de procedimentos e protocolos com a pandemia. O Centro Obstétrico mudou para dentro do centro cirúrgico e PS também sofreu alterações para termos sala de isolamento quando necessário, para triagem e atendimento das pacientes com sintomas gripais ou sugestivos da covid. A neonatologia também foi deslocada para local afastado da enfermaria e UTI de tratamento da covid. No período, apenas um caso de mãe positiva para o coronavírus deu à luz no hospital. O bebê nasceu prematuro, mas testou negativo. Depois de vários dias na UTI Neonatal, a criança já está em casa com a família.

O caso de São Caetano foi mostrado em reportagem do RD. Maria Clara nasceu prematura, de 28 semanas. Por causa de incompatibilidade no sangue, ainda na barriga da mãe, o  bebê precisou de duas transfusões intra-uterinas, procedimento inédito no serviço público da cidade. A criança nasceu no dia 5 de março e ficou 63 dias na UTI, nesse período os pais testaram positivo.

Rio Grande da Serra não tem hospital ou maternidade, mas 100 partos foram realizados em outras cidades e um foi em uma residência. A cidade não tem registro de mães ou bebês infectados. Mauá não respondeu aos questionamentos.

 

Cidade Partos * Bebê positivo covid Mãe positiva covid
Santo André 854 4 **
São Bernardo 887 1 3
São Caetano 170 0 1
Diadema** 454 1 1
Ribeirão Pires 260 0 0
Rio Grande da Serra 101 0 0
Total 2.726 6 5
* de 23/3 a 05/6
** Ref. abril e maio
Mauá não informou

 

Bancos de leite materno da região têm queda de doações

Banco de Leite do Hospital da Mulher teve queda no número de doadoras, mas reverteu com campanha. (Foto: Divulgação)

O ABC conta com dois bancos de leite e ambos ficam em Santo André, um no Hospital da Mulher Maria José dos Santos Stein, e outro no Hospital Estadual Mário Covas.

Segundo a Prefeitura, houve queda de 20% no número de doadoras no primeiro trimestre deste ano, situação que foi revertida com campanha. “Registramos uma queda média de 20% do número de doadoras em relação ao 1º trimestre de 2020. Porém, após 19 de maio, Dia Mundial de Leite Materno, houve aumento no número de doadoras cadastradas”, diz a nota.

O Banco de Leite do Hospital da Mulher possui 78,86 litros de leite humano pasteurizado em estoque para atender os recém-nascidos internados na UTI neonatal. A média de distribuição é de 1,8 litro. O Banco de Leite do Hospital da Mulher, conforme orientação de área de atendimento determinada pela Rede Brasileira de Banco de Leite, atende as cidades de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e parte de São Caetano e São Paulo (Zona Leste).

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