Quando o setor da construção civil estava prestes a se recuperar da crise econômica com o alicerce de taxas de juros menores e bolsa de valores volátil, a estrutura foi novamente soterrada, desta vez com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que trouxe prejuízos ao segmento. Mesmo com a ajuda dos bancos que facilitaram as linhas de crédito e de pagamento, se tornam necessárias ações que vão além, entre elas, prorrogação de prazos.
É o que defende o presidente da Acigabc (Associação das Construtoras, Incorporadoras e Administradoras do Grande ABC), Milton Bigucci Júnior, que em entrevista ao RDtv adiantou que enviará ofício às prefeituras do ABC nesta semana para pedir prolongamento do prazo de pagamento de alvarás por mais um ano, medida que irá afetar até mesmo aqueles que teriam seu prazo finalizado a partir de março. “É uma ação necessária e que ajudará a manter a economia em funcionamento”, defende.
Na oportunidade, Bigucci elogiou a medida adotada pelas prefeituras da região em aplicar descontos no IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) e ISS (Imposto Sobre Serviços) para comerciantes e empreendedores. “Agora cabe aos bancos caminharem nessa linha e serem mais flexíveis principalmente na análise de crédito aos clientes, senão do que adianta praticarmos boas taxas junto com as prefeituras, se a análise dos bancos segue extremamente rigorosa?”, questiona.
Caixa adota medidas para desafogar contribuintes
Na última semana, a Caixa Econômica Federal aplicou R$ 43 bilhões para desafogar contribuintes e manter a economia ativa, e entre as ações está a facilidade de pagamento para mutuários inadimplentes – em que consumidores com até duas prestações atrasadas podem renegociar contratos ou suspender pagamentos por até seis meses.
Na visão de Bigucci, ainda que seja paliativa, a medida já apresenta resultados positivos desde a implementação. “Somente com essa injeção de verba, mais de 1,2 milhão de empregos serão mantidos, outros 5 milhões de contratos permanecerão ativos enquanto outras ações não são presentes”, comemora. “Entretanto, esse fôlego não será suficiente para toda a pandemia, e por isso precisamos de novas medidas”, alerta.
Nesse compasso, o Brasil aguentaria manter contratos saudáveis em um período de 90 a 180 dias, o que pede que as construtoras antecipem o cronograma de obras em até três meses com 10% para manter o capital de giro, diz. “É uma opção em que ao mesmo tempo que se prorroga uma obra, readéqua-se o cronograma, o que garante um fôlego por pelo menos um período”, sugere.
Dentro do rol de ações, Bigucci orienta também que os bancos criem novas linhas de crédito com novos incentivos para auxiliar os construtores e contribuintes. “Nós acreditamos que isso vai ser bom para o setor, fora isso, é essencial que se continue com incentivos municipais”, declara.
Em pesquisa nas sete cidades do ABC, Bigucci aponta que de 85 a 90% das construtoras seguem com obras em andamento, com prioridade nas de médio e grande porte. “Poucas obras pararam, só algumas menores, que tiveram pausas”. Já para não haja demissão em grande escala, uma parcela de funcionários trabalha, ainda, em jornada reduzida e/ou home office.