O juiz Fernando Marinho de Barros Penteado, da vara do juri de São Bernardo, acatou o pedido da polícia e decretou a prisão temporária de Ana Flávia Gonçalves, de 24 anos e da companheira dela Carina Ramos,de 31. Ambas são investigadas no inquérito que apura a morte de Romuyuki, Flaviana e Juan Gonçalves, pai, mãe e irmão de Ana Flávia, cujos corpos foram encontrados carbonizados no porta malas do carro da família abandonado na Estrada do Montanhão em São Bernardo na manhã de terça-feira (28/01).
As duas foram detidas pela polícia quando se dirigiam ao escritório do advogado que irá representá-las. As mulheres ficaram em uma sala reservada do DEIC (Departamento de Investigações Criminais) desde as 16hs da tarde desta quarta-feira aguardando decisão da Justiça. Até o final da noite elas ainda não haviam prestado depoimento, o segundo já que já haviam falado à polícia no dia do crime.
Segundo o delegado titular da DEIC, Paul Henry Bozon Verduraz, a prisão temporária foi pedida diante de “inconsistências” no primeiro depoimento prestado no dia do crime. “Ela disse que não havia mais ninguém na casa além da família, mas uma testemunha apontou que viu pelo menos mais uma pessoa na casa, então ela mentiu”, disse o policial referindo ao depoimento de Ana Flávia.
O delegado considera que o casal contou com a ajuda de pelo menos mais uma pessoa. “Essa testemunha disse ter visto o Jeep Compass da família entrar na casa de ré e algo foi colocado no porta-malas do veículo; os corpos foram encontrados na mala do carro incendiado, portanto tudo indica que a testemunha, que está protegida, viu os corpos serem colocados no veículo”.
A polícia vai aguardar o resultado de outras diligências que estão sendo feitas e ainda as perícias. “Temos o sistema que permite acessarmos, com a autorização da justiça, dos dados contidos nos celulares das duas. Também esperamos o resultado na perícia feita nos dois carros, o Jeep da família e o Pálio de Ana Flavia”. Segundo Verduraz já se sabe a causa da morte; os três foram mortos com pauladas na cabeça. “Esse caso lembra muito da Suzane Von Richthofen”, disse ao recordar do caso em que a filha foi condenada pela morte dos pais. O crime aconteceu em 2002 e Suzane cumpre pena de 39 anos no presídio de Tremembé, na Capital. Ela contou com a ajuda dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, que também foram presos.
O advogado de defesa de Ana Flávia e Carina, Lucas Domingos, esteve durante toda a tarde com as duas na sede do DEIC em São Bernardo. Ele disse que agora vai avaliar o inquérito policial e depois vai conversar com as duas para traçar a estratégia da defesa. Abatidas, ambas permaneceram juntas na sala da delegacia aguardando a decisão judicial. Ana Flávia de preto e Carina com vestido florido nada comentaram, na pequena sala, permaneceram a maior parte do tempo sentadas lado a lado, por vezes Ana Flavia deitou a cabeça no ombro da companheira. As duas ainda seriam submetidas a exames físicos no IML (Instituto Médico Legal) da cidade para serem levadas à Cadeia Feminina que fica no 7° Distrito Policial (Taboão), onde vão ficar à disposição da Justiça. A prisão temporária tem duração de 30 dias.
Os familiares já abalados com as mortes ficaram ainda mais com a decretação de prisão de Ana Flavia. Flávio, irmão da vítima Flaviana Gonçalves chegou ao DEIC no final da noite desta quarta-feira (29/01) e disse que está aguardando a liberação dos corpos para fazer os preparativos do velório.