Aquela situação em que um grande grupo de pessoas se reúne em postos de combustíveis para beber, conversar e ouvir música alta, pode acabar com a nova lei sancionada pelo governador João Doria (PSDB) e que está valendo deste quinta-feira (17). A lei de autoria do deputado estadual Wellington Moura (PRB) proíbe o consumo de bebidas alcoólicas na área de abastecimento de veículos, permitindo apenas o consumo dentro da loja de conveniência ou em área determinada separada do pátio. Os estabelecimentos são incumbidos de orientar os clientes sobre a nova legislação.
O presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), Wagner de Souza, diz que a lei é positiva e que vem para organizar a relação de consumo. “Hoje há um certo desconforto, umas cidades permitem, outras não permitem. A lei padroniza, apesar de que prevalecem as leis municipais. Aqui no ABC cada cidade tem sua lei, em Ribeirão Pires, não é nem permitida a venda, uma situação que estamos brigando para tentar reverter. Só queremos ter os mesmos direitos dos outros estabelecimentos comerciais”, relata Souza que cita a situação dos pancadões. “Vai coibir esse tipo de prática, porque não é certo mesmo”.
Quanto ao impacto nas vendas, se a lei pode reduzir ou não o faturamento dos postos, o presidente do Regran avalia que será quase nenhum. O presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), Roberto Moreira comunga da mesma opinião. “Não vai atingir o caixa da loja, a lei vai coibir aquelas festas nos postos de combustível. Quer beber, bebe dentro da loja, o pátio do posto não é lugar para beber, nem fumar e nem usar celular”, recomenda.
Entre os que trabalham nos postos de combustível as opiniões estão divididas. Para o gerente Ricardo Ferreira, do posto de combustível da avenida Piraporinha, 1087, no bairro Planalto, em São Bernardo, a medida vai trazer prejuízos para o estabelecimento. “A margem que ganha na gasolina é muito pequena, a loja de conveniência ajuda muito. Aqui a gente recebe muitos clientes e não cabe todo mundo dentro da loja. Não sei ainda como vai ficar, estou pensando em abrir mão de algumas vagas de carro e fazer uma área separada”, comentou. O posto gerenciado por Ferreira funciona 24 horas por dia e costuma ficar lotado durante a madrugada. É também uma opção para quem não encontra bares funcionando em Diadema, distante cerca de 200 metros. No município a Lei Seca faz com que os bares fechem suas portas às 23 horas.
O funcionário do mesmo posto, Fabrício Domingues, aponta outra situação; a da segurança. Prevendo que com a nova lei o estabelecimento vai atrair menos pessoas, ele teme assaltos. “Posto vazio de noite é assaltado. Melhor ter o posto cheio de gente, mesmo que tenha alguma confusão, do que passar a noite com medo”.
Já o frentista Lúcio Mauro, que trabalha na função há 25 anos e que atualmente abastece os veículos que param no posto Manekyno, no Jardim do Mar, em São Bernardo, não vê problema nenhum na lei. Para ele os clientes ficam bem no espaço destinado a loja. O estabelecimento conta com um deck com mesas para atender os clientes da loja de conveniência. “Aqui é bem tranquilo, como não é um posto muito grande, o pessoal estaciona aqui e consome lá na loja, não fica no pátio. Acho que a lei vai ser boa, vai organizar, evitar bagunça nos postos”, comenta.