Expulso do PSDB por declarar apoio à reeleição do governador Márcio França (PSB), o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), não apenas recorreu junto à direção nacional do partido para revogar a desfiliação, como também pediu a expulsão do deputado estadual Pedro Tobias na presidência do tucanato paulista. O chefe do Executivo, porém, não muda de opinião e mantém seu voto para eleição de outubro.
Maranhão foi desligado dos quadros do PSDB sob alegação de transgressão ética, por não dar suporte ao ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato tucano ao governo paulista João Doria. O prefeito de Rio Grande da Serra já estava na mira de Tobias, por declarar em 2014, voto à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em vez do rival da petista até o segundo turno daquelas eleições, o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
“Recorri à (direção) nacional para que a decisão seja revogada, até porque foi uma precipitação muito grande, já que as convenções ainda não ocorreram. E pedi também a retirada do Pedro Tobias da presidência do PSDB. O partido é muito maior que a presidência e recebi muitas ligações de solidariedade”, garante o prefeito.
Por sua vez, Maranhão mantém a palavra dada anteriormente sobre a sucessão do Palácio dos Bandeirantes, embora endosse ao PSDB pela presidência da República. “(Meu voto) Está definidíssimo. Se não gaguejei ao declarar voto para Dilma, então agora está fácil. Meu voto é para o Márcio França para governador e para presidente é (o ex-governador) Geraldo Alckmin (PSDB)”, completa.
A expulsão do prefeito de Rio Grande da Serra se dá em meio ao acirramento entre França e Doria nas últimas semanas, o que evidencia previamente o clima de fogo cruzado entre as duas chapas, que devem concentrar os maiores tempo de propaganda nas emissoras de televisão e rádio. Junto com Maranhão, também foi expulso o ex-prefeito de Botucatu João Cury Neto, por assumir a Secretaria de Educação do Estado.
Há uma semana em Diadema para receber o título de cidadão honorário, França condenou o PSDB por expulsar Maranhão e ironizou: vão faltar canetas para assinar todas as fichas de desfiliações de tucanos que declararem apoio a ele no pleito estadual. Esperado no fim de maio em Santo André para receber a mesma honraria, Doria ataca seu concorrente, com a estratégia de atrelá-lo à esquerda.
O cabo de guerra entre França e Doria também provoca uma clara cisão entre os prefeitos no ABC. A favor do ex-prefeito paulistano, estão os tucanos Orlando Morando (São Bernardo) e Paulo Serra (Santo André). No palanque do governador, já se colocam no quadro Maranhão, Adler Kiko Teixeira (PSB, Ribeirão Pires), Atila Jacomussi (PSB, Mauá) e Lauro Michels (PV, Diadema).
Curiosamente, o PSDB não tomou nenhuma providência ao prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), que evita enfatizar publicamente apoio a Doria e filiou seu filho, Thiago Auricchio, ao PR para candidatura a deputado estadual, em dobrada pela reeleição do deputado federal Alex Manente (PPS). Os dois postulantes estarão no palanque de França na corrida pelo governo paulista.
Por outro lado, tucanos amenizam a situação de Auricchio, ao comentar que ele já declarou apoio a Doria.