Em audiência de conciliação realizada nesta quinta-feira (13), na Justiça do Trabalho de São Roque, SP, ficou acordado que R$ 7,2 milhões da conta judicial do grupo Prevent serão destinados ao pagamento das verbas rescisórias dos 720 trabalhadores demitidos nos últimos meses. Os ex-funcionários da Keiper, fábrica de assentos automotivos de Mauá, devem receber nos próximos 30 dias multa de 40% do FGTS, únicas dívidas que faltam ser quitadas.
Apesar da notícia, os trabalhadores continuarão acampados dentro da fábrica; ação que já dura cerca de duas semanas. Para representar os aproximadamente 300 metalúrgicos que trabalharam na Keiper, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá enviaram o diretor Adilson Torres dos Santos, o Sapão. Participaram da audiência mais dois sindicatos e advogados do grupo Prevent e da Volkswagen.
“O valor será dividido igualitariamente entre os funcionários. Acho que vai dar pra pagar somente 70% do valor da multa de 40% (do FGTS) de trabalhadores das outras empresas”, afirma Sapão. As dívidas com os ex-funcionários de Mauá deverão ser totalmente quitadas, porém, o valor só será capaz de quitar os direitos dos demais trabalhadores dessa fábrica.
Nesta sexta-feira (14), o diretor pretende marcar assembleia com os metalúrgicos para definir se continuarão com a vigília. No momento, cerca de 30 funcionários acampam dentro da fábrica, com revezamento. A ideia é não permitir que ocorra expediente na companhia, que concedeu férias coletivas para cerca de 120 funcionários.
Na última sexta-feira (7), por volta das 6h, os trabalhadores tomaram a avenida Papa João Paulo XXIII, em Mauá, por uma hora, para chamar a atenção das autoridades sobre o atraso nos pagamentos.
O diretor não descartou a possibilidade dos ex-funcionários fazerem manifestação na porta da Volks, caso os pagamentos não ocorram. A montadora alemã está envolvida na situação porque ficou acordado, no final de setembro, que a empresa compraria estoques de bancos que já tinham sido produzidos pela Keiper. “Sabemos que ainda existe material na fábrica que ainda não foi comprado pela Volks. Isso vai contra o acordo”, diz.
O material seria pago em três vezes, sendo que a primeira parcela foi acertada de forma imediata e contribuiu para o pagamento da maioria dos direitos rescisórios dos cerca dos 300 trabalhadores da empresa de Mauá.
De acordo com Sapão, nenhum representante da Keiper tentou contato com o sindicato para esclarecer os motivos da falta de pagamento.
Prejuízo
A Keiper deixou de produzir bancos para a Volkswagen no dia 4 de agosto deste ano. A montadora alegou ter tido prejuízo com os constantes atrasos da empresa. O sindicato tentou intermediar um acordo para que as companhias continuassem parceiras, mas não foi possível. A Volks chegou a retirar seu ferramental da fábrica de Mauá, acompanhada de membros do Batalhão da Polícia Militar de Mauá. Com o contrato quebrado, o grupo Prevent demitiu cerca de 720 trabalhadores. A Volkswagen e a Keiper não se posicionaram até o fechamento desta edição.