Nesta sexta-feira (19), o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá entrará com pedido judicial de bloqueio de valor a ser pago pela Volkswagen à empresa Keiper Metalls do Brasil, uma das empresas do grupo bósnio Prevent, que fornecia bancos automotivos para a montadora alemã. De acordo com o diretor administrativo do sindicato, Adilson Torres, o Sapão, a medida é necessária para assegurar que verbas rescisórias dos empregados da fábrica sejam garantidas. O valor da dívida a ser paga pela Volks não é de conhecimento da entidade e dos trabalhadores.
O receio da maioria dos funcionários da Keiper, localizada em Mauá, é de que a empresa alegue falência e não pague os direitos relacionados à rescisão trabalhista. “Não sabemos se a empresa terá condições de arcar com os gastos. Precisamos garantir o mínimo de suporte ao trabalhador, por isso decidimos tentar bloquear o valor da dívida”, explicou Torres. Ainda segundo o diretor, ao que tudo indica a empresa não possui bens, sendo que o local da fábrica de Mauá é alugado e o ferramental da empresa é de propriedade da Volkswagen.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo proferiu decisão favorável à montadora, na quarta-feira (17), para retomar os bens, no valor de R$ 50 mil, que estão localizados na fábrica de Mauá. “Nós vamos resistir. Não deixaremos levar o material se não houver a chance de uma negociação, de uma conversa”, afirma Adilson Torres.
Justamente para impedir que as ferramentas sejam recolhidas pela montadora é que cerca de 100 trabalhadores se concentram na frente do portão da fábrica, desde a tarde de quarta-feira. José Kerginaldo Pinheiro, 49, que trabalha na Keiper há 28 anos, diz que ainda tem esperança de que a Volkswagen volte atrás da decisão de romper parceria com a Prevent. “A nossa empresa alegou que não tem dinheiro, e segurar o maquinário aqui é uma das chances que temos de conseguir nossos empregos de volta ou ao menos receber nossos direitos. É uma situação horrível”, reclama.
Os funcionários colocaram seus carros na frente do portão para dificultar o acesso à fábrica. Vanderlei Amoro da Silva, 50, disse que os trabalhadores estão revezando na vigília e que só sairão quando tiverem alguma garantia de melhora. “A gente tem família e precisa do emprego. É lamentável ver a forma que estamos sendo tratados”, diz.
Outro ponto destacado por Pinheiro é o fato dos diretores da Keiper não manterem contato com os cerca de 400 funcionários. Na tarde desta quinta-feira (18), representantes dos trabalhadores, do sindicato e da empresa se reuniram na sede da entidade para tentar entrar em acordo. Mas não houve avanços na conversa. “A empresa alegou que não tem dinheiro para continuar com os funcionários e nem para pagá-los. Continuaremos com a vigília na frente do portão. Por tempo indeterminado”, diz o sindicalista.
A Volks anunciou rompimento do contrato com a Keiper no dia 5 deste mês, assim como comunicou que entrou com ação no Judiciário para retomar seu ferramental. Há duas semanas que os funcionários buscam entrar em acordo com a empresa Keiper.
Até o fechamento desta edição, a montadora não havia retirado o ferramental. O RD tentou contato com a Keiper, mas não obteve retorno. Por meio de nota, a Volkswagen alegou que a empresa rompeu contrato, pois teve sua produção prejudicada por diversos atrasos na entrega dos produtos produzidos por parte do grupo Prevent.