O número de casos de dengue confirmados no ABC diminuiu de acordo com os últimos levantamentos realizados pelas prefeituras da região. As informações, à primeira vista, parecem ter melhorado, mas ao olhar com mais atenção a quantidade de casos em análise, houve um verdadeiro salto. Um balanço divulgado nesta quarta-feira (2) pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE7), da Secretaria da Saúde do Estado, mostra que, só nesses dois primeiros meses de 2016, os casos em investigação somam 2.464 ocorrências. A estatística representa aumento de 39% se comparado ao mesmo período do ano passado, quando 1.770 ocorrências foram computadas.
Segundo a professora e bióloga da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes, as campanhas realizadas pelo poder público foram louváveis, mas atribui também a diminuição dos casos em decorrência da mudança do tempo das últimas semanas, que dificulta a proliferação do mosquito e consequentemente as transmissões.
A bióloga relembra que o número de casos em análise é alarmante. Na situação que nós estamos hoje, Marta analisa que os diagnósticos deveriam ser feitos o mais rápido possível. “Todos os equipamentos já deveriam ter sido fornecidos para as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e hospitais para testes rápidos para confirmação”, explica.
De acordo com a professora, não há nenhuma desculpa para a demora no diagnóstico. Se a situação instalada fica à beira de uma calamidade pública, Marta diz que não tem o por quê de não disponibilizar o teste para os diagnósticos.
A bióloga afirma que essas medidas deveriam ser vistas até como um investimento. Mesmo que a Administração gaste um pouco mais agora, gasta-se menos depois com o tratamento. Essa é a questão da prevenção que, na avaliação da especialista, é uma área que infelizmente nós não somos bons. “Se você gasta dois reais com prevenção, você economiza quatro ou cinco com o tratamento. A conta é essa. Então, porque não disponibilizar o teste?”, questiona.
São Bernardo é a cidade que apresentou dados mais assustadores. Nos primeiros dois meses do ano passado, a cidade contabilizou 785 suspeitas de dengue, enquanto em 2016 já foram atingidas quase o dobro das ocorrências, com 1.305 casos. No segundo lugar no quesito de preocupação vem Santo André, que até agora tem 416 casos em análise e em 2015 o número chegou a 265.
Já em São Caetano e Ribeirão Pires a situação não é tão ruim, mas mesmo assim exige atenção. A primeira registrou em janeiro e fevereiro deste ano 127 casos em análise. No mesmo período de 2015 as suspeitas foram de 89 infecções. Já Ribeirão Pires apresenta, por enquanto, 51 suspeitas em análise ante 38 no ano passado.
Diadema, com 287 suspeitas em 2016 e 467 em 2015, e Rio Grande da Serra, com cinco em 2016 e nove em 2015, foram as únicas cidades que tiveram queda nos índices.
Autóctones
O levantamento ainda indica 12 casos autóctones (contraídos no próprio município) em todo o ABC a serem confirmados. Em Diadema há um caso, mesmo número de Mauá. Santo André tem quatro, São Bernardo e São Caetano têm três cada um.