Após quatro anos de falta de investimento no setor cultural, o ano de 2023 voltou a trazer novas oportunidades para produtores culturais no país, especialmente com a criação de editais pela Lei Paulo Gustavo. Para a dramaturga, roteirista e escritora de São Bernardo, Heloísa Cardoso, o investimento em cultura teve grande melhora no último ano, mas ainda não é o suficiente para suprir a demanda cultural presente em todo o Brasil.
Em entrevista ao RDtv, Heloísa afirma que mesmo nos melhores cenários econômicos e políticos, a quantia investida na cultura não é razoável para o número de pessoas interessadas em receber o repasse. “Sempre são milhares de pessoas inscritas em editais concorrendo para pouquíssimas vagas e não existe a menor possibilidade de um produtor cultural bancar a própria arte para sempre. Em qualquer ramo, o subsídio é muito importante para que a pessoa possa sobreviver, pagar o seu trabalho e também para custear o trabalho dos parceiros, mas, infelizmente, conseguir esse repasse financeiro ainda é muito difícil”, destaca.
Em 2017, Heloísa acusou um famoso dramaturgo paulista de ter mantido um relacionamento abusivo com ela durante seis anos. A denúncia foi feita por meio de um vídeo na antiga página de Facebook “Contra o Machismo nas Artes” e teve mais de 1 milhão de visualizações. Hoje, seis anos depois desse episódio, a experiência se transformou no livro autoficcional “Caixão de Vidro”, publicado pela Editora Reformatório.
A obra marca a estreia da dramaturga e roteirista no universo literário. “Está sendo um grande desafio entrar no mundo literário, já que é difícil vender um livro para as pessoas sem ser alguém conhecida nesse mundo. Mas, espero que o livro ajude muitas mulheres que passaram pela mesma situação que eu e que elas inspirem na personagem que criei para superar seus obstáculos”, diz.
Em capítulos curtos, como se fosse um diário, o livro começa com a protagonista recebendo uma mensagem suicida de seu amante mais velho e adoecido. A partir desse momento, os leitores acompanham toda a narrativa em retrospectiva, descobrindo todos os fatos que levaram a esse momento extremo.
A história transcorre ao longo de nove anos, de 2009 a 2017, período em que a personagem principal está em transformação, da adolescência para a fase adulta. Nesse momento tão complexo de sua vida, a jovem experimenta um amor proibido com um homem 15 anos mais velho, repleto de expectativas, promessas e manipulações. Ao mesmo tempo, quando a protagonista, já mais velha, investiga o suicídio com mais profundidade, descobre que nada é o que parece e vivencia uma transformação brutal. E o que deveria ser um romance digno de conto de fadas vira um pesadelo traumático.
Para os interessados, “Caixão de vidro” está disponível para comprar no site da Editora Reformatório ou pela Amazon por R$52.