A coleta e o tratamento de esgoto são serviços fundamentais para a garantia de saneamento básico adequado para a população, mas na região a atividade tem apresentado falhas graves, como mostra o levantamento do Instituto Trato Brasil, organização da sociedade civil formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico. A instituição aponta pelo menos 138 mil pessoas sem coleta e tratamento de esgoto na região. A maioria, de acordo com a organização, está situada em áreas de mananciais, de risco e/ou em núcleos habitacionais não urbanizados.
Rio Grande da Serra lidera o ranking negativo como a cidade que menos coleta esgoto na região. O município coleta esgoto de somente 52,1% de sua população, apesar de estar cercada de uma área de manancial. São 24.076 pessoas que sofrem sem a coleta e o tratamento na cidade, o que corresponde a 47,9% da população local. Em seguida aparece Ribeirão Pires, com somente 73,7% de coleta e outros 32.231 munícipes sem o serviço (26,3%), cidade que também está rodeada de manancial.
Depois está Mauá, com 34.222 munícipes sem o tratamento de esgoto na cidade, o que remete a 7,3% da população, seguido de Diadema, com 24.275 munícipes que sofrem sem o tratamento (5,8%), São Bernardo, com 15.183 (1,8%) e em último na listagem Santo André, com 8.092 munícipes sem a coleta e tratamento de esgoto (1,1%). De toda a região, São Caetano é o único município que oferece o serviço em 100% do seu território e faz o tratamento para todos os munícipes.
Na visão do diretor executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, se comparado ao restante do Brasil, em que a situação está ainda mais agravada, a região ainda está em um patamar aceitável. “Há regiões que possuem um nível muito pior que esse. Mas é importante lembrar que essa deficiência no saneamento não é um problema fácil, ainda mais se tratando de um período de pandemia ao qual estamos vivendo, em que se cobra fortes questões de higiene. As cidades cresceram, mas pouco se investiu em esgoto e recursos hídricos e o ABC está parado no tempo nessas questões”, analisa.
São Bernardo informa que os serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto são executados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Atualmente, a empresa mantém em andamento o programa Pró-Billings, que vai reduzir em 700 mil metros cúbicos o volume de materiais despejados mensalmente na represa Billings, por meio da coleta e tratamento de 100% do esgoto da região do Grande Alvarenga.
“Para isso, estão sendo construídas estações elevatórias, linhas de recalque, condutos forçados, redes coletoras de esgotos, ligações domiciliares e coletores-tronco para exportação dos despejos até a Estação de Tratamento de Esgoto do ABC (ETE ABC). O programa também prevê a renovação estrutural de redes de abastecimento de água que atendem regiões periféricas da cidade, beneficiando cerca de 250 mil pessoas, por meio de um investimento total de R$ 133 milhões”, informa.
Já de acordo com a Prefeitura de Diadema, está em construção um grande coletor-tronco na avenida Casa Grande (coletor Couros), obra de responsabilidade da Sabesp, que visa a coletar o esgoto sanitário para destiná-lo para tratamento, ampliando o tratamento de esgoto na cidade de 57% para 87%.