Ao menos 57 milhões de brasileiros possuem alguma doença crônica e necessitam de medicamentos de alto custo de forma rotineira. No entanto, embora o número de usuários seja alto, o Hospital Mário Covas, em Santo André, responsável pela distribuição destes remédios, continua sendo alvo principal pelos pacientes da região, por conta do esvaziamento nos estoques.
A falta no abastecimento prejudicou Michelly Ferreira de Vasconcelos, que precisa dos medicamentos Tacrolimo 1mg e Sirolimo 2gm para prevenir a rejeição de seu transplante de pâncreas e rim “Estou há quase um mês sem conseguir retirar. Não posso ficar sem. Juntos, os medicamentos custam em média R$ 10 mil”, relata.
Para dar continuidade ao tratamento, Michelly precisou pedir auxílio para pacientes de outros estados. “Enviaram um pouco mas o que recebi dá para segurar no máximo uma semana. Tomava três medicamentos por dia, mas agora que a dosagem aumentou, tomo cinco. Não dá para esperar”, afirma.
O mesmo acontece com a empresária de São Caetano, Paula Vanessa de Paula Takayama, que desde março não consegue retirar o Tacrolimos 1mg e o Micofenolato de sódio de 360mg. “Consegui uma doação de uma transplantada de Florianópolis, onde o fornecimento está certo. No Mário Covas, nem sequer passam previsão de fornecimento, ficamos apavorados e o que resta é nos ajudarmos”, diz.
A dona de casa Adryanna Nunes do Nascimento esteve no último dia 11 no Hospital para tentar retirar o Tacrolimos mas voltou com as mãos vazias. “Comprar é caro, não temos condições. O que resta é contar com ajuda de doações para não ficarmos sem”, completa.
Já para o morador de Diadema, Irineu José Barroso Neto, de 46 anos, o problema tem sido a falta dos medicamentos Renagel e o Hemax, utilizados para o procedimento de hemodiálise. “Faz uns três meses que não consigo retirar e nem sequer a clínica que faz o tratamento tem. Meu medo é ir na próxima retirada, programada para sexta-feira (26) e não ter. Como vai ficar minha situação”, questiona.
Em nota, a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica informou que para o segundo trimestre deste ano, foram solicitadas 4,2 milhões de comprimidos de Tacrolimo 1mg, 77 mil comprimidos de Sirolimo 2mg, 3,9 milhões comprimidos do Micofenolato de sódio 360mg, 1,5 milhão de Alfaepoetina e 13 milhões do Sevelâmer 800mg. O prazo para entrega era 20 de março, mas as parciais começaram em abril.
Um novo lote foi entregue nesta quarta-feira (17/4), com 811,7 mil comprimidos de Tacrolimo 1mg e 57.750 mil comprimidos do Sirolimo 2mg. Os demais medicamentos ainda não foram entregues. Segundo a Coordenadoria, a redistribuição para todas as farmácias do interior, litoral e Grande São Paulo será concluída até a próxima semana.