ABC - quinta-feira , 2 de maio de 2024

Dificuldade de captação de recursos adia reforma do teatro Carlos Gomes mais uma vez

Projeto deve ser dividido em etapas (Amanda Lemos)
Projeto deve ser dividido em etapas (Foto: Amanda Lemos)

A reforma do teatro Carlos Gomes sofre mais um entrave: a dificuldade da prefeitura de Santo André captar recursos, através da Lei Rouanet, no valor de R$ 9,1 milhões. A construção está fechada desde 2008 pela Defesa Civil, por possuir problemas na parte elétrica, de infiltração, nos banheiros, falta de acessibilidade para deficientes e de saída de emergência. A reforma do local foi promessa de campanha de diversos candidatos a Prefeito da cidade, mas, até o momento, não foi cumprida por nenhum.

O projeto de revitalização do local segue há mais de 15 anos com propostas incertas, mudando a cada gestão. Os planos de reformas vêm desde a gestão da administração do ex-prefeito Celso Daniel e segue até o atual governo de Carlos Grana (PT). As prefeituras sempre alegam falta de verba para a reforma e, para sair desse impasse, o secretário de Cultura e Turismo da cidade, Tiago Nogueira (PT), buscou aprovação do projeto de reforma do teatro pela Lei Rouanet, que tem mecanismo de incentivos fiscais.

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Após a proposta aprovada, o proponente, no caso a prefeitura, busca apoio de empresas, que poderão ter o valor investido deduzido do imposto de renda. O secretário alega que, apesar do projeto ter sido aprovado pelo Ministério da Cultura (MinC), a dificuldade maior é conseguir apoio.

“O momento não é bom. Conversamos com algumas empresas, vou dar um exemplo: nós falamos com a Braskem, que não tem imposto a pagar, no caso, imposto de renda, nesse exercício. Com a resseção econômica, as empresas também têm dificuldades. Outra alternativa era falar com as empresas estatais, Petrobrás, Banco do Brasil, BNDES, Correio. Mas o momento politico também não é favorável. Os caras estão em transição ainda”, disse Nogueira.

Com a dificuldade de captar recursos de empresas e com a Prefeitura em dificuldades financeiras, Tiago Nogueira pretende refazer o projeto e dividi-lo em etapas. “Talvez a gente faça uma primeira etapa pra que o galpão seja aberto ao público, tenha fachada. Sempre na linha da proteção ao patrimônio. Então você já começaria a ter uma utilização do espaço, por exemplo, se eu tenho banheiros, a fachada resolvida e iluminação, eu consigo promover pequenos shows, posso fazer o canto do chorinho, uma exposição fotográfica”, conclui.

O atual projeto prevê 600 poltronas retráteis que podem ser removidas, liberando o espaço para eventos que não necessitem de cadeiras. Ainda segundo o secretário, a ideia de reabrir parte do teatro visa ter uma ocupação cultural que estimule uma campanha de arrecadação de recurso. Para conquistar a verba para a primeira fase da reforma, é pretendido buscar parceria do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), com até R$ 1 milhão. Outra medida a ser tomada é viabilizar a reforma através do Orçamento 2017 da cidade.

O vereador Luiz Zacarias (PTB) apresentou, na sessão da última quinta-feira (9) da Câmara de Santo André, requerimento solicitando informações sobre a situação do prédio. Ele aguarda retorno do Executivo. “Achava que estava tudo encaminhado, que logo as obras começariam. Um patrimônio como o Carlos Gomes… É lamentável ver o local nessa situação. Queremos ter informações sobre prazos e empresas contatadas”, disse o parlamentar.

O teatro sofreu risco de desabamento por conta de obras realizadas na gestão do ex-prefeito Aidan Ravin (PSB). A reforma teve muita polêmica, pois foi iniciada sem a devida autorização do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André).

(Com colaboração de Tiago Oliveira)

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